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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

COWBOIS E GIBIS (crônica de José Wilson Malheiros, mocorongo da melhor qualidade)

Quando estive em Santarém fui tomar a famosa garapa do Pequenino ali na Garapeira Ipiranga. O mesmo sabor que hoje se transforma no agridoce das saudades... Onde estão as broas, os rebuçados, os beijos-de-moça da Nina, da Dona Rosa, doceiras da Praça da Matriz? Ali adiante o velho coreto me olha e pergunta por que eu não toco mais na banda.

O cine Olímpia, onde a vida era sonhos e filmes em preto e branco, acabou.
Onde andarão os artistas e bandidos do velho oeste da minha infância? Gene Autry, Roy Rogers e Trigger, Rocky Lane, Buck Jones, John Wayne, Rex Allen, Tex Ritter, Hopalong Cassidy, eram bons de briga e de tiro. Tinham os cavalos mais bonitos e sempre acabavam conquistando a mocinha. Mas às vezes iam embora, cantando e a deixavam chorando... Ah, o cine Olímpia. “Seu Grilo” tomava conta da “geral”, mais na frente e ao preço de meio ingresso. Quando ficava escuro, na hora de começar o filme, a gente pulava pras cadeiras bem mais confortáveis.

Raul Loureiro, quero em nome da molecada da época, te pedir desculpas pelas cadeiras quebradas, pela barulheira (gritos histéricos, batidas de pé, socos no ar) que fazíamos na “hora da porrada” nos filmes de cowboy.Se, de tão velho, o filme arrebentava, a luz acendia e começavam os gritos:- Tá roubando... ladrão... ladrão!

Eu era maluco pra assistir os “filmes impróprios”. Nunca deixaram. Detestava “filme de amor”, achava que era coisa de mulher. Bety Davis, Humphrey Bogart? Nem pensar.

Era no cine Olímpia que ficávamos flertando as meninas, satisfeitos que só, se uma delas deixava, pelo menos, encostar o braço no escurinho do cinema. Antes de começar o filme a gente trocava revistinha. Como eram saborosos os gibis dos cowboys, do Mandrake e Lothar, Superman, Capitão Marvel, Cavaleiro Negro, Zorro,Tonto e Silver, Fantasma e o cachorro Capeto, Tio Patinhas, Luluzinha, Pinduca...

Sentei-me no banco da Praça da Matriz e o sino tocou. Não resisti. Entrei na igreja e chorei junto da pia sagrada onde Frei Domingos me batizou, um dia. Aquele templo me evocou os tempos ingênuos: cantar no coral, a primeira comunhão, as missas dominicais obrigatórias, tudo enfim se transportava ao presente pela mágica das recordações.

Quando saí da igreja olhei outra vez para o coreto e na minha imaginação, parece que ouvi a Banda Municipal tocando uma valsa. Meu saxofone fazia um solo e a melodia também se perdia no passado. Agora, eu não mais sentia saudade. Uma imensa satisfação abraçou meu espírito e me fez sentir, mais uma vez, a alegria ter vivido em Santarém, quando ela era o meu paraíso, a liberdade do melhor dos mundos.

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