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domingo, 29 de maio de 2011

Maconha liberada na orla da UFPA

O uso de maconha à beira do rio já se incorporou à rotina do campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), no Guamá, em Belém. Estudantes e pessoas sem vínculo com a instituição usam a Capela Ecumênica Universitária, a poucos metros do prédio da reitoria, para conversar e fumar baseado, sem serem incomodados pela segurança. Fumar maconha continua sendo crime, mas a prática foi despenalizada. Ou seja, o usuário não pode mais ser privado de liberdade por portar maconha para consumo próprio, embora estejam previstas três penas alternativas que podem ser fixadas pelo juízo: advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços comunitários ou medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo. No caso da UFPA, o mais grave é que, associado ao uso, há o tráfico de droga.

Na tarde de quarta-feira, 25, a reportagem acompanhou o movimento na orla da UFPA, mais especificamente sob a capela e na beira do rio, onde a paisagem de final de tarde é um convite à conversa, ao namoro, à leitura e à contemplação da natureza. Os que fumam maconha não se constrangem de enrolar o cigarro, consumido solitariamente ou socializado entre grupos. Tudo muito naturalmente, evidência de que ninguém teme ser surpreendido pela segurança.

Após preparar e fumar um cigarro de maconha na capela, um homem foi até sua motocicleta, vestiu uma camisa de mototaxista e se foi. A reportagem observou que, de vez em quando, algumas motos chegavam à beira do rio. Seus ocupantes ficavam algum tempo e, em seguida, saíam.

Investigações policiais indicam que motos são usadas para deixar a droga no campus. Também havia alguns jovens, aparentemente universitários, fumando maconha próximo ao restaurante universitário, perto da pista por onde passam veículos e pessoas que fazem atividades físicas no campus. Um rapaz aproximou-se de um grupo, conversou com os colegas, fumou e, depois, seguiu em frente.

O diretor da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), da Divisão de Repressão ao Crime Organizado, delegado Hennison José Jacob Azevedo, diz que o tráfico de drogas na UFPA é uma realidade: "Sabemos que existe, e muito", diz o policial, que se fundamenta em investigações e nas ligações ao Disque Denúncia, pelo 181. Trata-se do chamado "tráfico delivery": o usuário liga e o traficante entrega - principalmente em motos.

Universitário diz que segurança do campus é "complacente"

Por se tratar de uma área federal, os policiais civis só podem prender o traficante antes de ele entrar ou após sair do campus da UFPA, quando o acusado já fez a entrega. Os policiais civis não podem investigar nem prender ninguém dentro da universidade. O delegado Hennison adiantou, porém, que, com o apoio e a colaboração dos seguranças do campus, há uma investigação em andamento. Ele acredita que o trabalho resultará em várias prisões, mas fora do campus.

A Polícia Federal avalia que o tráfico de drogas no campus da UFPA se utiliza de alunos que consomem a droga e que muitas vezes pagam o traficante com a venda do entorpecente, aproveitando-se de que o local é extenso e aberto ao público. A Polícia Federal não tem registro de prisões de traficantes no campus, porque seus agentes trabalham no combate ao tráfico no atacado (em grande quantidade) e não no varejo, informou a assessoria de imprensa da PF.

Um universitário que fuma maconha no campus disse que a maior parte dos usuários compra a droga fora da universidade, pois a maconha vendida no campus não é de boa qualidade e custa mais caro. Segundo ele, a maconha é a droga mais consumida, por uma questão cultural e ideológica. De acordo com ele, existe uma certa consciência de que o impacto de drogas como a cocaína é muito grande.

O local preferido para fumar é a beira do rio. "E isso é do conhecimento de todos, inclusive da segurança e da administração superior, que são ‘complacentes’ com o consumo. Não por uma questão de negligência, mas por compreender que não têm como impedir e não necessariamente (isso) tenha que ser impedido. Como é um número considerável de pessoas que consomem, não há um horário específico (para o uso), mas o contingente maior é no final da tarde", diz.

O estudante defendeu a substituição da repressão armada ao tráfico por uma política de saúde pública. "O fato é que a ilegalidade da venda e do consumo trazem danos à sociedade muito maiores do que o consumo". Para ele, legalização das drogas não significa liberar, mas criar regras para o consumo, controle de qualidade, conhecer melhor os impactos das substâncias no organismo. "Mas, acima de tudo, significa desautorizar o Estado a matar milhares de pessoas inocentes todos os anos por balas perdidas, que com uma frequência enorme encontram o corpo de alguma criança".

Direção da universidade nega tolerância

A direção da UFPA informou que "não existe, absolutamente, tolerância com o consumo ou tráfico de drogas na UFPA". Em nota, a instituição também informou que há, no campus, "um serviço de vigilância e controle preventivo, permanentemente". "Nos nossos controles não há esse registro. Não é uma prática que esteja sendo verificada. A UFPA está atenta para isso", informou a instituição. A universidade esclarece ainda que sua orla tem um quilômetro e meio e que, no campus do Guamá, circulam mais ou menos 30 mil pessoas por dia. O campus é aberto à circulação das pessoas, inclusive porque ali há serviços como bancos e um hospital, todos atendendo a comunidade. (No Amazônia)

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