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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Círio 2011: Foi assim...

... O céu ainda estava escuro e, pelas ruas de Belém, uma movimentação diferente. Horas antes do amanhecer, um engarrafamento se formava no entorno da Igreja da Sé, ponto de partida de uma das maiores festas católicas do planeta. O rio de gente começava a se formar. Às 5 horas, no altar montado em frente à Catedral, o arcebispo metropolitano de Belém, dom Alberto Taveira, dava início à missa campal do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Naquele momento, a praça Frei Caetano Brandão já estava lotada de fiéis. Pessoas que vieram de vários cantos para reverenciar a Rainha da Amazônia.

Foi justamente para os filhos e filhas de Maria que dom Alberto Taveira mandou uma mensagem especial na homilia. "É muito bom os irmãos estarem reunidos. Valem todos os sacrifícios, todos os esforços. Não só hoje, mas em todos os domingos é bom estar na casa de Nossa Senhora. Que no dia de domingo, em todas as Paróquias, estejamos reunidos. E hoje estamos reunidos para celebrar esse grande dia. Esse dia de maior devoção", ressaltou o arcebispo. "Estamos aqui reunidos na casa de uma mãe porque nós precisamos da fé de Maria. Precisamos de colo, de carinho. É por isso que essa multidão de gente, as pessoas que estão na corda, vêm para o Círio. Mãe é a presença que nós encontramos no Evangelho que acabamos de ouvir. Nossa Senhora ensina, é modelo de virtude", prosseguiu.

A missa terminou pouco antes das 6h30, horário previsto para o início da procissão. Antes da saída da berlinda, dom Alberto mandou mais um recado ao romeiros e apelou para que a corda não fosse cortada durante o trajeto. "Se você perceber uma pessoa com a intenção de fazer isso, seja a pessoa a dizer: ‘Por favor, temos a hora certa para fazer isso’", orientou.

O Círio de Nossa Senhora de Nazaré começou no horário previsto. Milhões de pessoas se aglomeraram no Centro Histórico de Belém. Muitas não conseguiram segurar a emoção. "Eu tenho fé. Sinto alegria e paz nessa época", disse a dona de casa Raimunda Silva Lima, 60, que acompanhou toda a missa. O administrador Aquilino Marinho de Araújo, de 44 anos, também não perde um Círio. "É a fé que me faz vir. Eu sinto muita emoção. Esse é um momento muito especial para a vida dos paraenses, que sempre têm muitas graças alcançadas por intermédio de Nossa Senhora", afirmou.

Quando a berlinda subiu a Castilhos França, em frente ao Ver-o-peso, os feirantes do mercado prestaram uma homenagem à Virgem com uma queima de fogos. Nesse momento, os romeiros ergueram as mãos para o céu, pedindo bênçãos.

Mais adiante, na Castilho França esquina com a Campos Sales, o Clube Musical União Vigiense, criado em 1916, se juntou ao Núcleo da Berlinda. Há três anos, a banda acompanha a imagem com a Virgem de Nazaré durante o Círio, tocando as principais músicas da festa. Dos 115 integrantes do grupo, 65 participam da grande procissão. "É uma coisa única. Quando a gente vê a emoção do pessoal, fica em estado de êxtase", afirmou Alexandre Cardoso, professor e vice-presidente do Clube Musical União Vigiense.

Em seguida, ainda na Castilho França, em frente à Alfândega, foi a vez da corda ser atrelada à berlinda. Apesar de ser considerado um dos momentos mais delicados da procissão, o atrelamento foi rápido e tranquilo.

Ainda era cedo, por volta de 7h05, quando a "cabeça da corda" começou a subir a avenida Presidente Vargas, puxando as cinco estações e a Berlinda de Nossa Senhora de Nazaré. A curva que inicia a subida da avenida é considerada um dos trechos mais complicados do Círio, mas a passagem dos romeiros e da Santa pelo trecho foi considerada tranquila pelos órgãos de segurança. Mesmo assim, foram registradas algumas complicações, como alguns romeiros que tentavam furar o bloqueio para chegar mais perto da Santa. Alguns fieis desmairam e foram atendidos por equipes da Cruz Vermelha e do Corpo de Bombeiros.

Emocionados, os fieis aplaudiam a Virgem aos gritos de "Viva Nossa Senhora de Nazaré!". Na Companhia das Docas do Pará (CDP), várias pessoas assistiram ao início da procissão das arquibancadas, inclusive autoridades da Marinha, como o comandante de Operações Navais, Almirante Prado, que atua no Rio de Janeiro e participou do Círio pela primeira vez. "Sou neto de paraenses e estou muito impressionado com esta festa. É muito emocionante estar aqui e ver a fé do povo", disse.

Mas a emoção estava apenas começando. Avançando rápido, às 9h30 a procissão já seguia rumo ao edifício Manoel Pinto da Silva. Nesta altura, o arcebispo metropolitano de Belém, dom Alberto Taveira, anunciou que estava deixando a berlinda para se dirigir ao colégio Santa Catarina de Sena, onde abençoaria os fieis no momento do corte da corda. Neste momento, a procissão tomou um ritmo mais lento, já que os romeiros da corda faziam a curva para entrar na avenida Nazaré. A berlinda ficou praticamente parada durante cerca de meia hora. Enquanto isso, a Santa era homenageada pelo Gran Coral Metropolitano, que trouxe no repertório vários clássicos da fé mariana.

Os moradores do edifício Manoel Pinto da Silva também homenagearam a Virgem com uma chuva de papel picado e balões. Assim como todos os anos, o arcebispo emérito de Belém, dom Vicente Zico, assistiu a procissão de uma das sacadas do edifício. A procissão seguiu, então, pela avenida Nazaré, onde a Santa receberia mais uma série de homenagens.

Passava pouco das 10h quando a berlinda entrou na avenida Nazaré para a reta final do percurso do Círio 2011. Seguida por mais de 2 milhões de pessoas, o trecho foi percorrido em 2h04 com cenas impressionantes de fé, emoção, devoção e muitas homenagens. "É ela que nos dá força para caminhar, chegar até o final da procissão. E eu voltaria se fosse preciso para agradecer tudo de bom que ela tem feito por mim e pela minha família", garantiu a dona de casa Graça Cordeiro.

Os exemplos de amor e devoção estavam não só nas janelas e sacadas dos prédios, residências e repartições públicas ao longo das avenidas. Nas ruas e calçadas não faltavam histórias de amor e crença na Virgem de Nazaré. O autônomo Manoel Rodrigues encarou a multidão de joelhos. Guiado pela filha, Roseane, há cinco anos ele faz todo o percurso do Círio ajoelhado para pagar uma promessa. "Os médicos disseram que ele tinha uma doença grave na coluna e perderia os movimentos. Ele recorreu à Nossa Senhora de Nazaré e está aí, cinco anos depois, sem nunca ter sentado em uma cadeira de rodas", contou a filha.

Ricardo Amanajás levou para a procissão um cartaz com fotos da ex-mulher e os dizeres "Um amor que nunca acabou". O pedido era para reatar o casamento. "Estou pedindo a Nossa Senhora para que me ajude a reconstruir minha família. Ano que vem quero voltar aqui com a minha esposa para agradecer", disse.

Marcava 11h30 quando a berlinda cruzou a esquina da rua Quintino Bocaiúva e iniciou o percurso do último quarteirão antes da entrada na praça Santuário. Os últimos minutos de procissão foram marcados pela tradicional homenagem do colégio Nazaré. Desde cedo, a banda Marista cantou hinos para manter os romeiros animados. Muitos pararam em frente à escola para aguardar a passagem da berlinda.

A procissão do Círio 2011 terminou dentro do tempo estimado pela Diretoria da Festa. A expectativa era de que a Santa chegasse à praça Santuário às 12h30. Por volta das 12h15 a berlinda que guarda a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré chegou ao destino.

Noite de celebração, arraial e música

A romaria não esgotou a energia dos fiéis, que compareceram em peso, à noite, às programações da Basílica de Nazaré e ainda ao Arraial de Nazaré. Às 18h, o bispo metropolitano de Maringá (PR), dom Anuar Battisti, fez, para um templo lotado, a primeira pregação episcopal da quadra nazarena. Em seguida, foi a vez do padre Benedito Moura, ligado à Arquidiocese de Belém, comandar a Missa da Romaria da Juventude. Ambos pregaram baseados no tema do Círio 2011, "Fazei tudo o que Ele vos disser". Entre uma celebração e outra, o Arraial, que abriu oficialmente ontem suas atividades, permaneceu extremamente movimentado. "É muito comovente a fé que move esse povo, e é uma fé inesgotável, porque à noite, preguei para uma igreja absolutamente lotada", declarou Battisti.

O Círio Musical teve ontem a primeira de 15 noites de shows. O padre Antônio Maria foi o primeiro a se apresentar na praça Santuário. Ele subiu ao palco às 21h40 e foi aplaudido desde a primeira música - "Emoções", de Roberto Carlos: "Vocês se escandalizaram por eu começar com uma música do ‘Rei’? É que é Círio e eu não consegui achar outra forma de expressar para vocês o que essa festa maravilhosa significa para mim. São mesmo muitas emoções!".

No Píer das Onze Janelas, a programação "Nazaré em Todo Canto" levou música para o público. Fafá de Belém foi a anfitriã da noite e cantou com vários convidados, dentre eles o padre Fábio de Melo e músicos locais, como Mestre Laurentino. Fafá aproveitou para falar contra a divisão do Estado. "Vocês já imaginaram uma pessoa que nasce em Santarém ou em Marabá não ser paraense? Esse povo é um só", disse a cantora.


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