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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Campanha pró-divisão abre fogo contra Jatene

A ala mais radical dentro das frentes pró-criação dos estados de Carajás e do Tapajós venceu a queda de braços e o programa eleitoral do sim, comandado pelo marqueteiro Duda Mendonça, abriu fogo, na noite de onte (30/11), contra o governador Simão Jatene. O programa que foi ao ar vinha sendo ensaiado há pelo menos uma semana, mas dentro das frentes separatistas, aliados do governo resistiam à ideia de bater diretamente no governador como estratégia para tentar angariar votos.

Em uma reunião na manhã de terça-feira, no hotel Sagres, onde funciona o quartel general dos separatistas, os mais reticentes, contudo, foram convencidos a seguir a estratégia do ataque direto. Na reunião com onze pessoas entre políticos e a equipe do marketing, comandada por Duda, houve apenas um voto a favor do governador.

Ontem à noite, uma apresentadora abriu o programa de TV falando dos problemas do Estado. Disse que a responsabilidade é do governador. Entraram depoimentos de pessoas que o acusaram de só aparecer para pedir votos. Depois, a mesma apresentadora afirmou que os problemas do Pará são resultado da lei Kandir, que desonerou as exportações e acusou Jatene de ter “agido como Pilatos”, quando deveria ter se posicionado contra a medida, que entrou em vigor no governo do aliado tucano Fernando Henrique Cardoso.

O programa seguiu dizendo que Jatene “inventou” agora o projeto que taxa a extração de minérios (aprovado ontem nas comissões da AL) para enganar o povo e levar o voto pela não criação dos Estados. No final, o golpe mais forte: a peça publicitária fecha com o slogan “diga não ao Jatene, diga sim para mudar”.

CAMPANHA - A mudança de tom teria sido provocada pelos recentes movimentos de Jatene que deixou a posição de neutralidade e, segundo os partidários do sim, teria entrado de cabeça na campanha do não. Os indícios, segundo eles, estariam nas viagens ao interior, nas entrevistas em que reforça os argumentos contra a divisão do Estado e, principalmente, na insistência para que seja aprovado, agora, às vésperas do plebiscito, o projeto que taxa a mineração. Teria pesado também a favor dos contrários ao governo, o conteúdo do programa oficial de rádio do governador e a participação de pessoas do alto escalão na campanha do não, especialmente nas redes sociais.

“A gente não bateu no governador. O governador é que vem batendo na gente”, disse Duda Mendonça, ao explicar as razões da mudança de rota. “Olha, não quero discutir, porque não sou político, não sou do Pará. Estou fazendo marketing, o melhor que posso, mas nada do que foi dito é mentira”.

Para Duda, Jatene escolheu um momento infeliz para lutar pela taxação dos minérios. “Se não fosse com finalidade eleitoreira, esperaria mais uma semana”. Indagado se vai manter a linha contra o governador, Duda definiu a campanha como um jogo de xadrez. “Não temos uma linha. Vamos avaliando”

Responsável pela campanha do não, o marqueteiro Orly Bezerra classificou o programa como “baixaria fruto de desespero”. “A campanha do sim não emplacou porque não trata a verdade. É raivosa e desrespeitosa com o povo. Agride a população e abala a autoestima”, acusou, afirmando que pedirá direito de resposta no programa. “Já ouvi do próprio Duda que quem bate perde. Mas ele é que o papa. Eu sou só papachibé”, ironizou Bezerra.

O deputado federal Giovanni Queiroz (PDT), aliado do governo e da frente Pró-Carajás, disse que só viu o programa quando foi ao ar, mas afirmou que as questões foram “mostradas corretamente”. Segundo ele, a decisão de “mostrar a verdade” foi do marketing da campanha.

“Eles (a equipe do marketing) entenderam que tinha que revelar essas questões ao povo”. Para Queiroz, o tom da campanha não deve comprometer a base aliada do governo pós-plebiscito. “Depois vem Natal, férias, os ânimos arrefecem”. Indagado se haverá conserto para a base aliada depois de 11 de dezembro disse que “não há o que consertar”. “Não tomei essa decisão sozinho. Somos um grupo de quase 20 deputados nas duas frentes. Há prefeitos, lideranças”, concluiu.

Nenhum outro aliado quis comentar o programa. Pedindo para não ser identificado, um deputado estadual da base governista que atua em uma das frentes disse que ainda estava “digerindo o programa”. O governo não se manifestou, ainda. (Diário do Pará)

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