A prisão de acusados de desvio de recursos públicos e de lavagem de dinheiro não é mais o suficiente para os agentes da segurança pública. É preciso localizar os bens adquiridos irregularmente para buscar o bloqueio e a apreensão judicial com a finalidade de restituir o erário. Há um mês, a Polícia Federal transformou um grupo do órgão, que atuava no combate a esses crimes, numa delegacia especializada, que conta com três delegados e agentes.
"Ganhamos autonomia", destaca a delegada titular da Delegacia de Combate a Crimes Financeiros, Lavagem de Dinheiro e Desvio de Verbas Públicas, Milena Ramos. O procurador da República Ígor Nery Figueiredo, chefe do Núcleo de Atuação Criminal do Ministério Público Federal, onde serão analisados os inquéritos realizados pela nova delegacia, destaca que a estrutura vai colocar em evidência os crimes que mais costumam lesar a sociedade.
Milena não detalhou o trabalho que vem sendo realizado na nova estrutura. Segundo ela, a delegacia vem recebendo denúncias sobre o desvio de verbas públicas federais em prefeituras do Pará, mas que ainda estão sendo apuradas. Ela não revela a quantidade de prefeituras paraenses sob investigação. "Temos bastante trabalho pela frente. O Pará é uma ‘clínica geral’ [de irregularidades]. Tem muito de tudo [crimes diversos]", destacou, observando que a área de atuação da Superintendência da PF abrange cerca de 60 municípios paraenses. Segundo a delegada, os inquéritos que tramitavam noutras delegacias, como a Fazendária, estão sendo redistribuídos para a nova delegacia e servidores estão sendo realocados para contemplar as necessidades da nova delegacia.
"A elevação do grupo ao status de delegacia vai possibilitar um avanço maior. Os crimes federais, via de regra, causam o proveito ilícito, o que torna o combate à lavagem de dinheiro essencial. Durante uma época, a preocupação era apenas de prender o criminoso, que ficava com o dinheiro roubado. Agora, a realidade é outra", destaca Figueiredo.
O procurador observa que a recuperação dos valores desviados é o principal foco desse trabalho. Atualmente, os crimes que mais têm consumido a atenção do Núcleo de Atuação Criminal do MPF são as fraudes ao seguro-defeso, quando falsos pescadores recebem ilegalmente, por meses seguidos, os valores pagos pela Previdência Social a título de compensação pela suspensão das atividades pesqueiras durante o período de defeso de espécies aquáticas. As fraudes nos financiamentos públicos são outro nicho de investigação do núcleo. Denúncias para a Delegacia de Combate a Crimes Financeiros, Lavagem de Dinheiro e Desvio de Verbas Públicas podem ser encaminhadas pelo telefone (91) 3214-8014. (Amazônia)
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