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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Oração da maçaneta (Por Gióia Júnior)

Homenagem do ilustre santareno José Wilson Malheiros, aos pais:

Não há mais bela música
que o ruido da maçaneta da porta
quando meu filho volta para casa.

Volta da rua, da vasta noite,

da madrugada de estranhas vozes,
e o ruido da maçaneta
e o gemer do trinco,
o bater da porta que novamente se fecha,
o tilintar inconfundível do molho de chaves
são um doce acalanto,
uma suave cantiga de ninar.

Só assim fecho os olhos,

posso afinal dormir e descansar.

Oh! a longa espera,

a negra ausência,
as histórias de acidentes e assaltos
que só a noite como ninguém sabe contar!

Oh! os presságios e os pesadelos,

o eco dos passos nas calçadas,
a voz dos bêbados na rua
e o longo apito do guarda
medindo a madrugada,
e os cães uivando na distância
e o grito lancinante da ambulância!

E o coração descompassado a pressentir

e a martelar
na arritmia do relógio do meu quarto
esquadrinhando a noite e seus mistérios

Nisso, na sala que se cala, estala

a gargalhada jovem
da maçaneta que canta
a festiva cantiga do retorno.
E sua voz engole a noite imensa
com todos os ruídos secundários.
-Oh! os címbalos do trinco
e os clarins da porta que se escancara
e os guizos das muitas chaves que se abraçam
e o festival dos passos que ganham a escada!
Nem as vozes da orquestra
e o tilintar de copos
e a mansa canção da chuva no telhado
podem sequer se comparar
ao som da maçaneta que sorri
quando meu filho volta.

Que ele retorne sempre são e salvo,

marinheiro depois da tempestade
a sorrir e a cantar.
E que na porta a maçaneta cante
a festiva canção do seu retorno
que soa para mim
como suave cantiga de ninar.

Só assim, só assim meu coração se aquieta,

posso afinal dormir e descansar.

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