Entendem-se os cuidados semânticos da presidente Dilma. Afinal, seu
partido soube manipular o tema da privatização, na campanha eleitoral de
2006, para tachar o candidato de oposição Geraldo Alckmin de perigoso
“privatista”, e assim fragilizá-lo no segundo turno daquelas eleições
presidenciais, ganho por Lula.
Por isso, Dilma e equipe fazem
contorcionismos para tentar provar que “concessão” não é “privatização”.
Mas a discussão é pueril, diante do que é importante: o governo se
rendeu ao óbvio, à necessidade de ceder à iniciativa privada parte da
infraestrutura de transportes do país.
Embora haja inevitável
exploração partidária, o lucro da mudança de rumo é da sociedade, porque
privatizar começa a ser uma política de Estado, independentemente de
quem esteja no poder. É o que se espera.
Dilma, em certa medida,
repete o candidato Lula quando ele, na campanha de 2002, assinou a Carta
ao Povo Brasileiro, para garantir que não executaria os delírios
prometidos do palanque pelo PT, durante os tempos de oposição. E não
executou mesmo. Preservou princípios consagrados em qualquer país de
economia de mercado com alguma maturidade institucional: respeito aos
contratos, BC com alguma margem de autonomia, metas de inflação, câmbio
flutuante.
Como o figurino ideológico petista deriva do dirigismo
destilado na primeira metade do século passado, há sempre algum cacoete
estatista nas ações de governo desde 2003, embora este modelo tenha tido
a falência decretada na década de 80.
A correção de rota, agora,
com as concessões, em bases mais racionais, de estradas, ferrovias e, em
breve, portos e aeroportos, reparará erros derivados deste dogma.
Leia a íntegra em Privatização começa a ser política de Estado
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