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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Salinas pede socorro (*Por Francisco Sidou)

(Foto: Portal do sal)
A imagem desoladora não é do filme " 2012", mas do cenário de destruição na bela praia do Atalaia, em Salinas, ao final de um domingo de veraneio. A imensa praia totalmente tomada pelo lixo do consumo voraz de banhistas insensíveis que retribuem com desamor um dia de lazer proporcionado pela pródiga natureza de um dos mais belos recantos do nosso Pará. No lixão da praia "tem de um tudo", como diria o saudoso Edwaldo (Didi) Martins, que tanta falta nos faz com suas reprimendas refinadas contra a falta de civilidade de nobres e plebeus.

Na bela praia do Atalaia, após um dia de movimentada bagunça - carrões incrementados com som na mala pilotados por autênticos "malas sem alça", motos e motociclos dirigidos em alta velocidade por marmanjos e menores "bem nascidos" e "malcriados", tirando fino de crianças e idosos - os banhistas sobreviventes tropeçam , no caminho de volta, em montanhas de garrafas pet, cacos de vidro, copos plásticos, cascas de coco verde, palitos de picolés, restos de caranguejo e até absorventes femininos e camisinhas usadas...

Em julho, a Praia do Atalaia se transforma em imensa "casa de Noca", onde todo mundo manda, ninguém se entende e ninguém tem razão. Esse cenário de abandono e desolação é visto também nas ruas transversais da cidade, com buracos e crateras , lixo acumulado nas calçadas provocando fétidos odores que atraem carapanãs gigantes e sedentos de sangue novo de turistas desavisados.

Descaso, abandono e desamor são palavras recorrentes para descrever com propriedade a situação atual de Salinas, uma cidade-balneário com enorme potencial turístico e exuberantes belezas naturais, embora vivendo um conflito de competências e omissões entre os poderes municipal e estadual, fato que só tem contribuído para agravar o seu atual estágio de degradação administrativa e ambiental. Chega de omissão !

Não podemos deixar Salinas morrer , ironicamente, nas mãos de um cirurgião que tem "operado" muito mal como prefeito.

De que modo podemos contribuir para evitar que o pior venha a acontecer com Salinas ? Os amigos de Salinas que não votam na cidade dificilmente poderão influir na eleição do novo prefeito. Mas podem se unir em torno de uma Associação sem fins lucrativos ou políticos. Trata-se da " Associação dos Amigos de Salinas" , fundada nos anos 70 com destacada participação na vida da cidade até os anos 80. Seus fundadores éramos então jovens idealistas, movidos pelo sincero desejo de contribuir com sugestões e projetos para uma Salinas Melhor. Lembro que até um Festival de Música - "Uma Canção para Salinas" - ajudamos a promover, com grande sucesso. Salvo engano, entre os participantes, um então jovem músico de nome Simão Jatene...

LIXO PODE SER SOLUÇÃO

Lixo, insegurança nas ruas esburacadas e mal iluminadas, além da falta de transporte coletivo decente são alguns dos problemas que estão sufocando Salinas. Não podemos esperar só pelos governos, pois eles também vão passar. Com apoio da iniciativa privada, uma Associação civil, sem fins políticos ou lucrativos, pode fazer a diferença. Por exemplo: economistas amigos de Salinas poderiam elaborar um projeto de coleta, reciclagem e industrialização de todo o lixo deixado nas praias, gerando valor agregado, emprego e renda ao invés de degradação ambiental. É o que preconiza o economista Antônio Ximenes, presidente do CORECON, para quem "lixo só é lixo se não for aproveitado".

Em Mosqueiro, Marudá, Alter-do-Chão e outras praias, o impacto ambiental do fim de tarde é quase o mesmo: garrafas PET e de vidro, sacolas plásticas, cascas de coco e outras embalagens nas areias compõem um cenário de terra ( praia) arrasada. Como bem observa Marcos Wilson, coordenador da ONG No Olhar, "as prefeituras são responsáveispelo recolhimento e manejo do lixo, mas as pessoas que deixam seu lixo na praia são tão responsáveis quanto o poder público. E todos serão prejudicados, pois os dejetos jogados nas praias são levados pelo mar (ou rios) matando os peixes e afetando a vida de pescadores e de toda a população, gerando um grande problema social de efeito imediato. - “É muito comum ouvir as pessoas cobrando das prefeituras a coleta de lixo nas praias, mas ninguém fala sobre a destinação do seu próprio lixo. Essa consciência é o que falta para a sociedade hoje”, lamenta Wilson.

Para Jonas de Jesus, coordenador da Cooperativa de Catadores de Material Reciclável, nem todas as cidades têm cooperativas organizadas como as da capital, por isso, o lixo acaba absorvido pelo meio ambiente. “A cobrança de politicas de coleta seletiva e incentivo às cooperativas precisam ser feitas pelo cidadão. A Lei de Resíduos Sólidos já existe e os lixões já foram condenados, porém, as prefeituras seguem pagando milhões de reais anualmente para poucas empresas que realizam coleta. Desta forma, somente as empresas, que por sinal costumam ser grandes patrocinadoras de campanhas eleitorais, lucram com o lixo”, denuncia o coordenador da Concaves.

A reciclagem de resíduos sólidos movimenta bilhões de reais anualmente em todo o Brasil. “O lixo não deveria ser problema, e sim uma solução de alto valor agregado. Deixar que os dejetos depositados nas praias acabem causando danos ambientais não é só uma irresponsabilidade como um grande desperdício”, afirma Antônio Ximenes.

A precariedade dos processos de reciclagem deixam de gerar um grande lucro para os catadores e empresas em geral. “Todos sabem que é muito mais barato e socialmente viável processar o lixo do que produzir matéria-prima nova. Portanto, prefeituras do Pará deveriam estar atentas a esta oportunidade e incentivar as cooperativas e a coleta seletiva”, afirma Ximenes.

Então, que tal "refundarmos" a Associação dos Amigos de Salinas para tentar encontrar soluções para problemas como o do lixo nas praias, que podem ser asumidos pela iniciativa privada e por cidadãos bem intencionados através de cooperativas como a Concaves ?

Outros projetos poderão ser oferecidos a empreendedores privados como, por exemplo, dotar Salinas de modernos ônibus no estilo jardineira para o transporte coletivo decente de moradores e veranistas.

A Associação dos Amigos de Salinas, com essas e outras propostas, será brevemente "refundada" em reunião pública, com data, local e horário que serão divulgados na imprensa. Você que ama Salinas está desde logo convidado.

Em tempo: A Associação não terá donos nem caciques nem lobistas ,mas voluntários. Sua Comissão Provisória será eleita no ato da reunião. A maior credencial para filiação de seus membros será o seu amor por Salinas.

* Francisco Sidou é jornalista - chicosidou@yahoo.com.br  

Um comentário:

  1. A matéria postada pelo nobre jornalista Francisco Sidou mostra, com senso de verdade irretocável,que Salinas está fora de rota em relação às atenções do poder público.
    Um recanto dotado de exuberante beleza natural, com esplendorosa vocação turística, jamais poderia continuar desprezado pelo poder público, como historicamente ocorre em relação a Salinas.
    Salinas precisa “acordar”. E na latência do poder público, o renascimento da Associação dos Amigos de Salinas, robustecida pelo ideário dos que realmente amam a bucólica cidade é um dos indispensáveis caminhos a ser considerado para transforma-la em um efetivo celeiro turístico.
    Transformar lixo em lucro através de uma cooperativa de trabalho à disposição dos nativos é, sem dúvida, outra ideia alinhada às perspectivas que estimularam um forte conglomerado parauara ligado ao comércio de varejo a fincar âncoras às margens do Atlântico, certamente apostando nas potencialidades econômicas do município, sem dúvida prospectadas sob os mais requintados estudos mercadológicos.
    A propósito, a iniciativa dos “herdeiros do sol nascente” coadjuvando tantos outros valorosos empreendedores já implantados pelo “pessoal da terrinha” (no segmento do comércio varejista) dá a dimensão exata de que, a despeito do descaso do poder público, Salinas se fará próspera e permanecerá atraindo paraenses, brasileiros e estrangeiros de todas as raças e matizes aos prazeres que emanam das suas belezas naturais.
    Amante da “Atlântica”, disponho o meu entusiasmo e a minha possível colaboração em favor do renascimento da Associação dos Amigos de Salinas. Vamos em frente!

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