Quase três décadas depois do surgimento do movimento das donas de casa,
em que mães de família fiscalizavam semanalmente a evolução de preços
nos supermercados, o Brasil assiste a novo formato de protesto em que
grupos pressionam contra a cobrança de valores abusivos no comércio e
nos serviços. E, claro, sugerem boicote aos estabelecimentos onde
identificam abuso. O novo ambiente de protesto é o Facebook, maior rede
social do planeta, onde os grupos criaram uma nova moeda, a $urreal –
estampado com o rosto do pintor Salvador Dalí (imagem acima), mestre do surrealismo –,
para denunciar os preços abusivos. O movimento começou no Rio de
Janeiro, ganhou réplicas em outras capitais e chegou a BH no domingo.
Até as 21h dessa quarta-feira, a comunidade BH $urreal contava com 9.238 seguidores – média diária de 1.952 adesões. A maior parte das postagens no grupo reclama de preços em bares, restaurantes e similares, um dos principais setores da economia da cidade. Numa casa de shows da Grande BH, por exemplo, um membro do grupo informa que a embalagem de 500 ml de água mineral é vendida a R$ 5. Em vários pontos comerciais da cidade, a mesma mercadoria sai por R$ 1,50. Outro seguidor lamenta que a pipoca na Praça do Papa seja vendida por R$ 15. Outro membro do grupo denuncia que um bar da Savassi cobra mais pelo chope servido sem colarinho.
“A ideia da página é que o comerciante pratique um valor justo pela mercadoria. Há estabelecimentos que pedem R$ 21,90 na porção de 300 gramas de batata fria. O quilo do produto congelado, porém, sai por cerca de R$ 3. Sei que o dono tem custos, como óleo, gás e funcionários, mas pedir 700% a mais? É surreal”, indignou-se o comunicador Flávio Peixe Silva Rosa, um dos organizadores da página. Ele teve a ideia de criar a BH $urreal depois de perceber que a primeira página do gênero, feita há poucos dias por três amigos no Rio de Janeiro e com mais de 110 mil adeptos, havia conquistado bons resultados.
Até as 21h dessa quarta-feira, a comunidade BH $urreal contava com 9.238 seguidores – média diária de 1.952 adesões. A maior parte das postagens no grupo reclama de preços em bares, restaurantes e similares, um dos principais setores da economia da cidade. Numa casa de shows da Grande BH, por exemplo, um membro do grupo informa que a embalagem de 500 ml de água mineral é vendida a R$ 5. Em vários pontos comerciais da cidade, a mesma mercadoria sai por R$ 1,50. Outro seguidor lamenta que a pipoca na Praça do Papa seja vendida por R$ 15. Outro membro do grupo denuncia que um bar da Savassi cobra mais pelo chope servido sem colarinho.
“A ideia da página é que o comerciante pratique um valor justo pela mercadoria. Há estabelecimentos que pedem R$ 21,90 na porção de 300 gramas de batata fria. O quilo do produto congelado, porém, sai por cerca de R$ 3. Sei que o dono tem custos, como óleo, gás e funcionários, mas pedir 700% a mais? É surreal”, indignou-se o comunicador Flávio Peixe Silva Rosa, um dos organizadores da página. Ele teve a ideia de criar a BH $urreal depois de perceber que a primeira página do gênero, feita há poucos dias por três amigos no Rio de Janeiro e com mais de 110 mil adeptos, havia conquistado bons resultados.
Além do Rio e de BH, páginas com a expressão “$urreal – não pague”
foram montadas em São Paulo, Brasília, Curitiba e Recife. No caso da
capital mineira, a maioria das críticas é direcionada a bares e
restaurantes, setor em que muitas mercadorias subiram bem acima da
inflação oficial do país em 2013 (5,91%). Aqui, a inflação da cerveja
disparou 13,53%. A da refeição fora de casa, 7,34%. A do lanche, 9,77%.
Na prática, porém, alguns empreendimentos subiram os preços bem acima
desses percentuais. Quem conta é o professor Renan Loreto: “Uma cerveja
num bar da Rua Francisco Sales custava R$ 6 no meio do ano passado.
Agora, R$ 8 (diferença de 33,3%)”. Insatisfeito, ele passou a prosear e a
beber com amigos em outro bar, na mesma rua, onde uma garrafa idêntica é
negociada a R$ 5.
“Se a gente se recusar a pagar o preço cobrado, as vendas caem e o dono
baixa o preço. O brasileiro precisa ser um consumidor consciente,
precisa compreender que só há comerciantes que cobram valor abusivo
porque tem quem pague”, diz um dos idealizadores do $urreal.
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