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segunda-feira, 24 de março de 2014

Joaquim Barbosa descarta candidatura em 2014: País dos "conchavos"

Roberto D'Ávila e Joaquim Barbosa, Presidente do STF.
Em entrevista a Roberto D’Avila, da Globo News, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, disse que não pretende se candidatar a cargo político em 2014. "Recebo inúmeras manifestações de carinho, pedido de cidadãos comuns para que me lance nessa briga, mas não me emocionei com a ideia ainda", afirmou. O ministro que já havia dito que não disputaria à Presidência teve seu nome citado como possível postulante a uma vaga ao Senado pelo Rio de Janeiro, seu domicílio eleitoral. A entrevista foi ao ar na madrugada de ontem (23).

Em uma crítica direta aos acordos políticos e articulações, Barbosa disse que o Brasil é o País “dos conchavos, do tapinha nas costas". O presidente do STF coloca a Nação entre as 10 maiores democracias do mundo, mas destaca: "se faz muita brincadeira no Brasil no âmbito do Estado, dos três poderes. Muitas decisões são tomadas superficialmente. Não se pensa nas consequências".

Barbosa também afirmou que o Brasil está adotando medidas erradas para combater a corrupção. "Não quero justificar corrupção tupiniquim, mas ela está presente em todos os países, em maior ou menor grau. Ainda não encontramos os mecanismos, a forma correta e eficaz de combatê-la. Talvez estejamos adotando o método errado".

Abaixo, trechos da entrevista:

Corrupção
Barbosa diz que o Brasil ainda não encontrou a forma correta de combater a corrupção e defende medidas mais drásticas. “Tenho minhas dúvidas se esse método puramente repressivo é o mais eficaz para combater a corrupção. Talvez medidas que doam no bolso, na carreira, no futuro dessas pessoas que praticam corrupção sejam mais eficazes”.
Infância rígida
Joaquim Barbosa nasceu em uma família de oito irmãos, na cidade de Paracatu, no interior de Minas. Teve uma educação rígida.  Aos 16 anos, saiu de Minas com destino a Brasília, contra a vontade do pai, que gostaria que o filho fosse para Belo Horizonte, como era a tradição. Para os padrões atuais, conta que o pai era rígido até demais. "Eu pertenço a uma geração que levava surra dos pais. Já na geração do meu filho isso é inadmissível”.
Adolescência e faculdade
Rebelde e extremamente tímido. Assim Joaquim Barbosa se descreve na adolescência. Apesar de garantir que ainda não se livrou totalmente dessa timidez, diz que boa parte dela perdeu por volta dos 21, 22 anos, quando teve sua primeira experiência fora do país. “Voltei completamente mudado, mais alegre, mais confiante. Quanto mais jovem você conhece o novo, melhor”.
Barbosa diz que nunca teve dúvidas quanto a faculdade cursaria. O Direito sempre esteve em seus planos. “Por volta de 14 anos eu já sabia. Até em função do meu desempenho escolar. Gostava mais de humanas, lia muito e gostava muito de história, geografia, línguas".
A faculdade, Barbosa cursou durante o regime militar. “O que marcou muito essa época foi a invasão às universidades. Assistimos as aulas durante um bom tempo com policiais na porta das salas. Vi os absurdos, alunos sendo presos na saída da universidade, colegas que trabalhavam na imprensa do Senado sendo presos na madrugada”.
Fama de durão
A transmissão do julgamento do mensalão para todo Brasil mostrou um Joaquim Barbosa duro, imagem que ele não nega, mas explica. “Preciso ser duro. O Brasil é o país dos conchavos, do tapinha nas costas, o país onde tudo se resolve na base da amizade. Eu não suporto nada disso. Sou duro para mostrar que isso não faz o menor sentido numa grande democracia como é a nossa. Isso aqui não é lugar para brincadeiras”. E nega que fique bravo quando é vencido: “Nada disso!”
Diz que, às vezes, se arrepende das palavras mais duras, mas novamente tem uma explicação. “Não faço nada em caráter pessoal. Mas eu não suporto o sujeito ficar escolhendo palavras gentis para fazer algo inaceitável. Longe de mim esse tipo de comportamento. Isso é fonte de boa parte dos momentos de irritação que eu tenho”, explica. Nesse momento o entrevistador Roberto D'Ávila lembra que os ministros não vão gostar nada dessa declaração. Ele dá os ombros e diz: “Liberdade de expressão”.
O mensalão
“Foi um processo que trouxe um desgaste muito grande. Uma carga política exagerada, poderosa. Estou há 11 anos no STF e só nesse processo foram quase sete. Isso consumiu boa parte das minhas energias aqui no Supremo".
Mas será que Joaquim Barbosa achou as penas aplicadas aos réus muito pesadas?  “Pelo contrário!”, diz ele. “Eu examino as penas que foram aplicadas no mensalão com as penas que são aplicadas e chanceladas pelo STF relativas às pessoas comum. E convido a todos que criticam o Supremo por terem aplicado essas penas supostamente pesadas a fazer esse tipo de comparação. Vão verificar que o Supremo chancela em habeas corpus coisas muito mais pesadas”.
Música
Barbosa se mostra eclético quanto ao gosto musical. Diz que ouve de tudo. “Gosto muito de música popular, gosto de música pop, já gostei muito de rock, hoje gosto bem menos. O que mais escuto é música clássica e jazz". Conta que a iniciação músical se deu no rádio. "Escutava um pouco de tudo. Minha fase de adolescência era a fase da jovem guarda, logo depois veio o rock. Lamento muito não ter tempo de ir aos grandes concertos”.
Racismo
O racismo sempre esteve presente na vida de Barbosa. “Mesmo criança e mesmo ministro do STF”, afirma, revelando que propôs uma ação por racismo contra um jornalista brasileiro. E faz suspense: “Vocês tomarão conhecimento nos próximos dias”.
Diz que jamais permitiu que utilizassem a sua presença como ‘esculpatória’ para o racismo brasileiro. “Lula me chamou algumas vezes para viajar com ele à África. Recusei porque não era tradição da casa e também porque percebi que aquilo era estratégia de marketing para os países africanos”, revela.
Faz questão de frisar que não entrou na vida pública com a missão de combater o racismo. "Eu sempre achei que minha presença aqui contribuiria para desracializar o país. Eu espero que quando eu sair daqui, os presidentes da República saibam escolher bem a pessoa e  escolham negros com naturalidade, sem estardalhaço. Que não tentem levar a pessoa escolhida para a África para esconder a realidade triste de que não temos representantes negros no país”, conclui.

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