Fiéis dão adeus a dom Zico

 

 

"Não tenho receio de partir para a eternidade. Amei ao Nosso Senhor com todo o coração”. As palavras proferidas por dom Vicente Zico ao ser informado sobre sua iminente partida deram o tom de seu sepultamento, ontem, na Catedral da Sé. Seu corpo hoje descansa ao lado do de dom Alberto Ramos - que o antecedeu no comando da Arquidiocese de Belém -, na Capela de Nossa Senhora Graças, a mais próxima do altar da igreja. Centenas de pessoas acompanharam a missa de corpo presente e puderam dizer adeus a um dos arcebispos mais amados pelos belenenses, que morreu na segunda-feira, aos 88 anos.

A catedral ficou lotada de fiéis, que chegaram cedo para garantir um lugar na igreja. “Eu cheguei logo depois do almoço, pois já imaginava que seria lotado. Não me importo de passar todo este tempo aqui. É um lugar sereno e dom Zico estava presente”, disse a dona de casa Suelen Souza, que conseguiu um lugar próximo ao reservado para as autoridades. Mesmo os que chegaram pouco antes da celebração, e tiveram que permanecer de pé, não se queixaram. “O importante é estar aqui, vir pessoalmente dizer adeus a este homem santo”, destacou a aposentada Maria de Nazaré Gomes.

Missa - A missa de corpo presente começou às 15 horas, celebrada por dom Alberto Taveira. Ele compartilhou alguns detalhes da convivência e dos últimos momentos de vida do arcebispo emérito. “O lugar em que nos encontraremos com dom Vicente, desde sua morte, é aqui no altar da Eucaristia, pois ele está com Deus e Deus está aqui”, disse. O arcebispo agradeceu a todos que cuidaram de dom Vicente e confortou todas as pessoas que tiveram contato direto ou indireto com ele durante sua vida.

Às 16h30, religiosos e fiéis conduziram o caixão de dom Vicente Zico em um último cortejo, que circulou a praça da Sé.

O sepultamento ocorreu na presença apenas dos religiosos, familiares e autoridades. Meia hora depois de concluído o enterro, a capela foi aberta para visitação do público, enquanto funcionários da igreja ainda davam os últimos retoques no cimento do túmulo, que ganhará uma lápide nos próximos dias. O irmão de dom Zico, Luiz Joaquim Zico, de 86 anos, foi o único representante da família presente. Ele recebeu do público que acompanhou o velório o mesmo carinho antes destinado ao irmão mais velho.

“Ele passou algumas semanas conosco em Belo Horizonte, quando reclamou que vinha se sentindo mal. Após consulta, ele chegou para mim e disse: ‘Olha, estão querendo me internar, mas eu quero voltar para casa e ser internado lá’. Esse foi mais uma das tantas provas que ele deu do seu amor por Belém e seus habitantes”, relembrou Luiz. Sem saber que aquele seria o último adeus, todos os familiares tiveram seu momento de despedida com o arcebispo emérito de Belém.  (OrmNews)