Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira.
Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta.
Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem.
Traduzir uma parte na outra parte — que é uma questão de vida ou morte — será arte?
Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira.
Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta.
Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem.
Traduzir uma parte na outra parte — que é uma questão de vida ou morte — será arte?
Como
crítico de arte e pensador, Ferreira Gullar está entre os mais
lúcidos escritores da atualidade. Seus textos têm clareza e a
sagacidade dos que indicam caminhos e denunciam falácias que se
revelam em discursos políticos ideológicos como também nas bienais
de arte. Sua poesia é fruto de uma sensibilidade erudita, lírica e
social. Sua poética é capaz de traduzir, além das angústias do
homem contemporâneo, os fecundos silêncios que alimentam seus
próprios conflitos, inquietações, tristezas e alegrias.
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