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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

'Os Dez Mandamentos' no cinema vale mais do que 'mil missas'

Moisés não era Jesus. Acho que não contaram isso pra quem fez o filme "Os Dez Mandamentos". Para o cristianismo, o Velho Testamento só existe para preparar o Novo.

O Deus de Israel não é o Deus do amor cristão, está acima do amor e de qualquer atributo humano. E seus heróis são mais próximos das misérias e agonias dos heróis gregos das tragédias do que do Jesus adocicado de um cristianismo desidratado pela intenção pastoral.

No caso específico dos neopentecostais, a obsessão pelo Velho Testamento advém do seu caráter mágico.

No filme, Moisés é um Jesus numa versão antiga do iPhone. Por isso, o personagem hebreu Moshé se transforma num "santinho" que "anuncia" o personagem Jesus. Seu olhar é doce e amoroso, suas maneiras, suaves e muito distantes do "verdadeiro Moshé", legislador duro e cheio das contradições que constituem os personagens hebreus.

Na verdade, Moisés está mais pra Xangô do que pra o Jesus de cabelos sedosos.

Uma das provas evidentes dessa redução é o destaque dado ao cordeiro (metáfora cristã pra Jesus) no centro da mesa de jantar na noite em que o anjo da morte mata os primogênitos egípcios (uma das dez pragas do Egito). Essa noite é a matriz do Pessach, a Páscoa judaica, e todo mundo sabe que não se come cordeiro nessa noite.

O filme é uma peça pastoral, não estética. Uma "releitura" de um trecho da história antiga dos judeus a serviço da pastoral da obediência a Deus ou da obediência à Igreja Universal do Reino de Deus e seu "Arão", o Bispo.

É mais uma prova de que a Igreja Universal, e sua Rede Record, sofistica, a cada dia, suas ferramentas de marketing religioso. Sim, hoje pastoral é marketing. Por isso, cada vez mais a teologia dará lugar ao marketing na formação do clero.

Marxismo político - Já houve o momento em que o marxismo político tomou o lugar da teologia na formação dos ministros religiosos, como no caso da teologia da libertação, principal escola teológica católica na América Latina.

Mas os protestantes saltaram na frente, como sempre, porque são mais ágeis e têm menos entraves burocráticos e menos lobismos internos.

E, num mundo gigantesco e competitivo como o nosso, permeado por mídias sociais e interatividade, com um mercado agressivo e em expansão de "produtos religiosos", o futuro da commodity Deus está na comunicação.

O mercado da mídia é o meio ambiente que definirá o futuro das religiões e das espiritualidades no século 21. Esse filme vale mais do que "mil missas".

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