Por João Carlos Bemerguy Camerini, meu querido sobrinho.
Vaidade das vaidades
Responda-me, rainha das fantasias
Qual o mistério da dualidade?
Como foi penetrar a ilusão
Justo no coração da humanidade?
Espreitas todos os meus passos
Sei bem que não estou sozinho
Quem tem carne teme os teus laços
Ó! Devoradora de passarinhos
Conhecedora de nossas fraquezas
É famoso o teu faro canino
Luxúria, glória e riquezas
São os pecados de qualquer menino
Gostar do que é certo: ai!
É esta a dificuldade que sinto
Mas, a cada dia chego mais perto
De achar a saída desse labirinto
Das máscaras do ego, eu hei de me livrar
Os enigmas do eros, decifrarei um por um
Pelejarei nos campos, nos bordéis, no mar
Esta batalha não entrego, de jeito nenhum!
A vida sem ti torna-se pesada
Grande é o apego da materialidade
Olha, que a melancolia não é nada
Senão o lamento da tua saudade
Sem tuas sombras o sol é severo
E depois de ti resta coisa pouca
Mas ainda prefiro este sertão sincero
Que as mentiras de tua existência oca
Então, pulei logo naquela engenhoca
Que no Pará se conhece por tipiti
Pro tempo espremer igual mandioca
Minh’alma, até sobrar só o tucupi
E quando vier a vitória, lá no final dessa história
Só restará na memória aquela velha ladainha:
Que o céu não chega de graça
O universo não passa d’um punhado de farinha
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