Por Frederico Vasconcelos - Folha de SP
Em entrevista concedida aos jornalistas Leandro Colon e Reynaldo Turollo Jr., publicada nesta ontem (7) na Folha de SP,
o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, dirige novamente suas
flechas ao presidente Michel Temer e aproveita para alfinetar Raquel
Dodge, que comandará o Ministério Público Federal a partir de setembro.
Ao ser questionado se há uma “bala de prata” contra o presidente, Janot bem-humorado responde:
“Não, existem flechas [risos]. Eu sou ecológico.”
O PGR negou que seja soberba falar em flecha. Diz que a expressão [“enquanto houver bambu, lá vai flecha”] é usada desde a época do procurador-geral Cláudio Fonteles [2003-2005].
Ele rebateu o argumento da defesa de Temer, de que seus atos desestabilizam o país.
“A partir do momento em que começo a contabilizar fatores
econômicos, políticos, sociais, antropológicos, aristocráticos, como é
que tenho critério objetivo para dizer que uma investigação vai desse
jeito e a outra não? A solução para esse imbróglio só tem uma saída e é
política. Agora, saída política não é você considerar bandido como
político. O bandido que se esconde atrás do manto político não é
político, é bandido”.
Negou que estivesse falando isso em relação a Temer.
“O bandido que se esconde atrás do manto de empresário não é
empresário, é bandido. O bandido que se esconde atrás do Ministério
Público não é membro, é bandido. Tem que ser tratado como bandido“.
Sobre divergências com Raquel Dodge, afirmou:
“Eu tenho facilidade para delegar, porque se não conseguir, não
consigo marchar para a frente. E, pelo que conheço dela, não tem essa
facilidade de delegar, é uma pessoa que concentra mais. Isso não é erro.
Tenho uma maneira de trabalhar, ela tem outra. Não me preocupo de ela
mexer ou alterar (investigações em curso). De ela engavetar me preocupo,
sim. Se pretender engavetar, é lógico que vou me preocupar. Não
acredito nisso.”
Quando assumiu a PGR, Janot formou em seu gabinete um grupo de
procuradores, sete dos quais com experiência na área criminal, para
eliminar o estoque de processos acumulados que herdou do antecessor,
Roberto Gurgel.
O julgamento do mensalão pode ter represado as ações na PGR, mas
Gurgel concentrava os processos contra políticos. As ações penais
costumavam ser divididas entre Gurgel e sua mulher, a
subprocuradora-geral Cláudia Sampaio, experiente na área criminal.
A procuradora regional da República Raquel Branquinho –ligada a
Raquel Dodge– ajudou Cláudia Sampaio a reduzir o acervo do gabinete do
procurador-geral.
A desova de processos no final de mandato de Gurgel e nos primeiros
seis meses de Janot afetou a imagem da procuradoria-geral na época.
Nenhum comentário:
Postar um comentário