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segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Adolescente quer ser primeira mulher cacique em sua aldeia

Frustrada pelo que chama de “batalha perdida” –a construção da barragem e usina de Belo Monte– Anitta Juruna (foto), 16, deixou a aldeia em que se criou para estudar a língua original dos jurunas no Parque Nacional do Xingu (MT), onde se concentram hoje mais de 5.000 indígenas.

A adolescente que passou a infância brincando no rio Xingu e acordava nas madrugadas com as explosões de dinamite da construção da usina, disse ver no resgate das tradições de seu povo uma nova forma de resistência e protesto.

Desde quando tinha um ano, suas brincadeiras foram intermediadas pelas discussões entre pais e vizinhos sobre o que seria Belo Monte e qual a melhor forma de resistir e negociar contrapartidas para proteger a região e as tradições.

Com a consciência de que a barragem mudaria a realidade da região, a família rompeu relações com os demais representantes jurunas presentes na aldeia Paquiçamba e endureceu a luta contra Belo Monte, a partir da fundação da aldeia Muratu num dos acampamentos de operários do empreendimento, e hoje soma no local 22 famílias, formada basicamente a partir do núcleo de 11 irmãos do cacique Gilliard Juruna, pai de Anitta.

Há dez meses, um acidente no rio levou um dos jurunas, irmão mais novo do cacique e muito próximo a Anitta. Planejavam viajar e conhecer outros lugares, e principalmente ir juntos para estudar as tradições dos jurunas no Xingu. “Decidi ir por mim e por ele, quando ele nos deixou.”

Como todas as adolescentes na mesma idade, Anitta tem celular –mais usado para selfies do que para o whattsapp, por falta de sinal– gosta das músicas de Maiara & Maraisa e “finge que acompanha” as músicas em inglês de Justin Bieber.

Pretende estudar essa língua depois de aprender a dos jurunas, e visitar os EUA quando “aquele loiro do mal” deixar o poder, numa referência ao presidente Donald Trump.

Seus sonhos? “Distribuir umas flechadas em Brasília”, brinca. Mas quando perguntada sobre sua disposição em se tornar uma liderança local e brigar pelos direitos indígenas, deixa de lado o sorriso farto e as brincadeiras. Sonha alto: “quero o lugar dele”, diz apontando para o pai, cacique de Muratu. “Está na hora de termos caciques mulheres, não?”  (Folha de SP)

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