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sábado, 16 de setembro de 2017

O vinho e a saúde

Por Dr. Carlos Eduardo Suaide Silva, cardiologista - Estadão
Os primeiros praticantes da arte da cura já empregavam o vinho como remédio.Hipócrates (460-370 a.C.), tido como o pai da medicina, recomendava o vinho como desinfetante, medicamento e parte de uma dieta saudável.

Em 1865-66, Louis Pasteur, o grande cientista francês, utilizou o vinho em muitas experiências, declarando ser “a mais higiênica e saudável das bebidas”.

No final do século 19, a visão do vinho como medicamento começou a mudar. O alcoolismo foi definido como doença e os malefícios de seu consumo começaram a ser estudados. Nas décadas de 1970 e 1980, o consumo de álcool foi fortemente atacado por campanhas de saúde pública. Entretanto, várias pesquisas científicas seriamente conduzidas demonstram que, consumido com moderação, o vinho pode trazer vários benefícios à saúde.

E o que é consumo moderado? “Nem muito, nem muito pouco” parece ser o princípio para se realçar os efeitos benéficos do vinho, mas é muito difícil estipular o que pode ser “consumo sensato”. Na França, a ingestão de até 60 g de álcool por dia é segura para homens. No Reino Unido, recomenda-se menos de 30 g/dia.

Vários são os fatores que influenciam esses limites: a idade, a constituição física, o sexo, a genética, as condições de saúde e o uso concomitante de outras substâncias (drogas ou medicamentos).

Em linhas gerais, um homem pode consumir até 30 g de álcool/dia (duas taças). Para as mulheres, por diversas razões (menor tolerância ao álcool, menor proporção de água no corpo etc.) recomenda-se até 15 g por dia (uma taça). A diferença entre consumo moderado e exagerado pode significar a diferença entre prevenir e aumentar a mortalidade.

Uma grande reviravolta na relação entre o vinho e a saúde ocorreu no início da década de 1990 com a divulgação do Paradoxo Francês: o cientista francês Serge Renaud mostrou que estudos epidemiológicos evidenciaram que os franceses apresentavam 2,5 vezes menos mortes por doença coronariana que os americanos, apesar de fumarem muito e consumirem a mesma quantidade de gorduras. A principal explicação estaria no consumo regular e moderado de vinho.

Estudos mostram que o álcool presente nas bebidas pode diminuir a mortalidade por infarto do miocárdio, isquemia cerebral e outras doenças. Entretanto, o vinho é a bebida que mais desperta interesse dos cientistas por presentar, além do álcool, diversas substâncias antioxidantes em sua composição.

Entre os mais de mil compostos encontrados no vinho, os polifenóis (flavonóides,taninos, resveratrol etc.) são os mais estudados.Os polifenóis, derivados de várias plantas, são os antioxidantes mais encontrados em nossa dieta. A aterosclerose é uma doença inflamatória, e os principais fatores desencadeantes são o LDL elevado (o conhecido colestrol ruim), o tabagismo, o diabetes, a hipertensão arterial e as alterações genéticas, entre outras.

O vinho aumenta o HDL (o colesterol bom), mas eleva os níveis de triglicérides, devendo ser vitado por portadores de diabete e por pessoas que tenham níveis de triglicérides acima do normal.

A ingestão moderada de álcool (uma a duas doses diárias) pode elevar em até 12% os níveis de HDL, semelhante ao encontrado com a prática de exercícios. Além disso, inibe a agregaço plaquetária, evitando o entupimento das artérias coronárias.

Então beber vinho faz bem para o coração? O estudo mais completo sobre o tema, no qual 38.077 homens de 40 a 75 anos foram acompanhados por 12 anos e enviaram informações a cada dois anos mostrou que houve 1.418 casos de infarto no período. Entre as informações enviadas, estado de saúde, estilo de vida, consumo de álcool, seu uso com as refeições e o tipo debebida ingerida (vinho tinto, branco, cerveja ou destilados).

Já os abstêmios e os que bebiam menos do que 5 g/dia apresentaram risco semelhante e, nos demais, o risco de infarto caiu gradualmente de modo inverso ao total de álcool ingerido. Para 5 g/dia a 10 g/dia, a redução foi de 17%. Para 10 g/dia a 15 g/dia, de 31%, e para consumo de 50 g ou mais por dia, a redução foi de 52%.

O que os médicos devem fazer então? Aconselhar os homens acima de 40 anos a beber todos os dias? De jeito nenhum. Os efeitos nocivos do álcool são muito graves para corrermos riscos: violência, trauma,acidentes de trânsito, cirrose, câncer, psicoses, dissolução do núcleo familiar e outros problemas. Substituir uma doença por outras não é o que a sociedade espera da medicina. Não se pode esquecer da enorme importância do controle dos demis fatores de risco: fumo, diabetes, sedentarismo, obesidade. Portanto, desde que não se perca o controle, o vinho é um ótimo companheiro!
“O vinho é bebida excelente para o homem sadio ou doente, desde que usado adequadamente, de forma moderada e conforme seu temperamento.” Hipócrates

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