Familiares e amigos de Mariano Klautau de Araújo velam desde ontem à noite o corpo na Capela do Recanto da Saudade, na rua Diogo Móia, 1264, próximo a Alcindo Cacela, no Umarizal, de onde sairá para ser enterrado no final da manhã. O sociólogo morreu aos 74 anos, na tarde de ontem, de falência múltipla de órgãos, depois de 40 dias internado por causa de água nos pulmões. Ele ainda reagiu e deixou os médicos e a família esperançosos de sua recuperação, mesmo depois de uma tromboembolia pulmonar (obstrução das artérias dos pulmões por coágulos).
O sociólogo Mariano Klautau foi o idealizador da Escola Bosque, na Ilha de Caratateua, como ele gostava de defender e identificar a famosa Outeiro, com praias de água doce e ricos ecossistemas em Belém, que escolheu para morar desde os anos 80. "Nos últimos anos ele estava com a saúde fragilizada por causa da depressão causada com a destruição de Outeiro, é um fato lastimável que o lugar que ele escolheu para cuidar e morar esteja abandonado, destruído pelo lixo, a sensação dele era de que foi tudo destruído depois de tão importante projeto", declarou Mariano Klautau Filho, fotógrafo, um de seus três filhos. Para piorar, a casa do sociólogo em Outeriro ainda foi assaltada, o que o deixou ainda mais triste.
Além de criar o projeto e doar o terreno para a Escola Bosque, que deveria formar e capacitar alunos da rede formal de ensino municipal, desde o infantil ao médio, como técnicos em ciências ambientais para manejo da fauna, flora, ecoturismo e magistério, ele doou grande parte de sua vida pela proteção social e ambiental dos moradores da ilha. Como homem de visão voltada para a preservação sobre o presente e o futuro com sustentabilidade, não foi ouvido e nem teve seus sonhos respeitados nos últimos 20 anos. "Infelizmente esse objetivo não foi alcançado", denunciava o sociólogo sobre a Escola Bosque. "Ele dizia que a Escola Bosque foi vítima da própria grandeza, da cobiça e do academicismo de um pequeno grupo, depois que o projeto chamou a atenção internacional", disse Dula Lima, com quem ele vivia.
Como um lutador que nunca parou de trabalhar mesmo aposentado, Mariano Klautau deixou seu último projeto com o nome inicial de "Chácaras Urbanas" ainda manuscrito. Mas fez questão de trocá-lo para "Sítios Urbanos", por causa de outro empreendimento com o mesmo título, mas sempre com o mesmo objetivo de cuidar do ambiente e das pessoas. No projeto, ele propõe que os condomínios verticais criem miniecossistemas, com áreas para plantar hortas, pomares, flores e plantas medicinais.
Entre seus livros, deixou "Outeiro, uma Gestão de Vida", "Dimensão Insular de Belém", "Estações de Vida" e o livro de poesias "Trilhas", todos sobre a vida na Ilha de Caratateua. (No Amazonia)
Foi um grande homem!
ResponderExcluirUm exemplo de pessoa!
ResponderExcluirSaudades eternas...
Iolanda Oliveira,Primavera/PA.