SUS oferta botox a pacientes

Setenta pacientes da Unidade de Referência Especializada (URE) Demétrio Medrado, em Belém, serão beneficiados pelo programa de tratamento a base de toxina botulínica, o chamado botox. O programa foi implantado, ontem, e começou atendendo crianças com lesões neurológicas, mas também receberão tratamento jovens, adultos e idosos pacientes com seqüelas provocadas por Acidente Vascular Cerebral (AVC) e traumatismo craniano. "Esse é um tratamento caro que, agora, passamos a fornecer gratuitamente e que vai trazer melhorias para a qualidade de vida dessas pessoas", afirmou Said Kalil, diretor da URE.

De acordo com o diretor da Unidade, inicialmente o programa vai atender 70 pacientes previamente cadastrados na própria URE. A partir de maio, a Unidade deve abrir novos cadastros para atendimento no segundo semestre. "Fizemos isso porque precisávamos atender a demanda que já tínhamos reprimida", explicou. O tratamento consiste na aplicação da toxina a cada quatro meses e exercícios de fisioterapia que, em alguns casos serão feitos na própria URE. "É importante ressaltar que apenas a aplicação da toxina não apresenta resultados satisfatórios. É preciso associar medicamento e fisioterapia", disse Karla Negrão, neurologista da Unidade. Quatro meses após a primeira aplicação os pacientes passam por nova avaliação neurológica para saber se é necessária uma segunda dose.

A URE Demétrio Medrado é a única do Estado a receber a toxina botulínica com financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Além dela, a URE Reduto, na Avenida Doca de Souza Franco, também utiliza o medicamento, mas financiado pelo próprio Governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). "A Sespa fez a inscrição e fomos selecionados pelo Ministério da Saúde. A partir de agora, o Estado compra o medicamento e é ressarcido pelo SUS. O repasse é feito primeiramente à Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), que repassa ao Estado", explicou.

Segundo a neurologista da URE, a toxina botulínica age diretamente no músculo afetado, provocando um relaxamento muscular. "O que acontece com esses pacientes é a espasticidade dos músculos, uma rigidez acentuada que compromete os movimentos. O botox faz com que esse músculo relaxe e, associado à fisioterapia, nós conseguimos o alongamento do músculo facilitando os movimentos", explicou. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento melhores serão os resultados, mas, de acordo com Karla, mesmo nos casos em que não é possível uma recuperação total dos movimentos, a toxina propicia melhor qualidade de vida. Sem custos para o paciente do SUS, na rede particular uma aplicação de botox pode chegar a R$ 4 mil. (Amazônia)