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sábado, 9 de maio de 2015

Gravação mostra discussão de conselheiros da Petrobrás sobre demissão de afilhado de Renan Calheiros

Gravações de reuniões do Conselho de Administração da Petrobrás, obtidas pelo Estado, revelam o clima tenso entre os integrantes do colegiado por causa da suposta interferência política do governo nas decisões.

Num encontro de mais de três horas, em 31 de outubro do ano passado, conselheiros acusaram o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a ex-presidente da estatal Graça Foster de agir para segurar a demissão de um apadrinhado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), suspeito de envolvimento no esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato.

Na ocasião, a PriceWaterhouseCoopers (PwC), auditora dos resultados financeiros da Petrobrás, se recusava a aprovar o balanço do terceiro trimestre da companhia e exigia providências da petroleira em relação aos desvios. Uma delas era o afastamento do então presidente da Transpetro, Sérgio Machado, indicado por Calheiros, aliado do Planalto.

Em depoimento à Justiça Federal, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa afirmara que recebeu de Machado R$ 500 mil em propina, mas ele permanecia no cargo. Nessa condição, seria um dos signatários do balanço, embora acusado de corrupção.

Mantega e Graça se esforçavam para adiar o afastamento, ao menos em alguns dias, o que abriria caminho para negociações do governo com o grupo político de Machado. “Se ele é irresponsável, tem que ser demitido”, disse um dos conselheiros na reunião. Ante os pedidos de afastamento imediato, Mantega, que presidia o colegiado, resistia: “Não me parece que seja necessário. Eu posso tentar resolver segunda, terça, quarta-feira”.

“Vou dizer uma coisa aqui que o presidente não vai gostar. Eu acho que isso é porque, primeiro, tem de pedir autorização ao Renan Calheiros. Se a gente não tem poder aqui para tirar uma pessoa que está complicando a situação da Petrobrás, quem é que manda nessa empresa?”, questionou o conselheiro Sílvio Sinedino. “Temos de remover obstáculos na medida em que aparecem. O primeiro é o afastamento temporário, com o consentimento dele ou não”, opinou o conselheiro Sérgio Quintella.

Mantega argumentou que, ao afastar Machado, os conselheiros estariam ratificando acusações contra ele sem uma conclusão das investigações e uma decisão da Justiça. Mas ouviu que, diante de situação muito menos “dramática”, a estatal demitira, meses antes, o ex-diretor financeiro da BR, Nestor Cerveró, responsabilizado pela compra desastrosa da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). “Temos de fazer as coisas de forma razoável. Vamos acolher todas as acusações que foram feitas?”, rebateu o então ministro da Fazenda, que chegou a propor férias para Machado. “Férias, não. Têm de ser afastados os poderes que ele tem”, protestou Quintella.

Graça Foster manifestou preocupação em blindar a diretoria da estatal, já que as declarações de Costa davam a entender que havia irregularidades em outras áreas, entre as quais a que ela própria comandou. “No mesmo áudio em que aparecem os tais R$ 500 mil, aparece que há rumores de que, nas áreas de Gás e Energia e de E&P (Engenharia e Produção), havia também partição de 3% para lá, 2% para cá. Fui diretora de Gás e Energia quatro anos e meio”, afirmou.

Graça acrescentou: “O que eu sinto da Price é que ela questiona a moral da diretoria passada e desta. É isso que eu sinto. A sensação é que há uma desconfiança absoluta em relação a todos nós”. “Nessa dúvida, a gente tem de se certificar que isso será suficiente (tirar Machado). Senão, a gente vai ficar na mão deles (Price)”, complementou Mantega.

A reunião foi suspensa por Mantega com o conselho rachado e só retomada em 4 de novembro, um dia depois de Machado se licenciar do cargo voluntariamente.

Poços - Em reunião no dia 9 de dezembro do ano passado, outra crise por causa da interferência do governo na empresa. Um conselheiro cobrou a diretoria da Petrobrás sobre o fato de não haver contrato formal entre a Petrobrás, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e o governo federal para perfurar os poços Franco e Libra. “Como é que pode fazer uma coisa de 600 milhões sem respaldo contratual, gente?”, questionou.

Graça Foster, com a ajuda de um técnico da empresa, respondeu que o governo tinha pressa na perfuração dos poços e que não haveria tempo hábil para a formalização do contrato. “Tem que ter mais formalidade. A essa altura a gente não tinha que estar discutindo [com a ANP o pagamento do serviço]. Teria que cumprir o que já estava acertado. A gente tem que tomar muito cuidado com essas relações”, complementou o conselheiro.

Mantega, que comandava a reunião, questionou o técnico. “A pergunta é: mas devia ser feito sem o contrato?” O técnico respondeu: “Foi feito! Pela velocidade que o assunto exigia na época não havia tempo hábil para se montar todo um contrato entre a ANP, governo e Petrobrás”.

O governo tinha grande interesse na perfuração para apresentar no ano eleitoral de 2010 a descoberta de novos poços de petróleo. Segundo o técnico da empresa, a decisão do jurídico foi a de que seria “melhor seguir em frente do que fazer contrato retroativo entre 2009 e 2010.”  (Estadão)

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