“A Aids voltou com tudo, tem tratamento, mas não cura”
“Hoje, a dificuldade é conseguir conscientizar as pessoas. Explicar que
a AIDS ainda está aí, e é uma doença sem cura. É uma doença que tem
tratamento, sim, que a pessoa fica muito bem, sim, e na maioria das
vezes, se o paciente for bem tratado, ele sequer morre disso, morre de
outra coisa, velhinho... Mas os remédios têm efeitos colaterais. Tem que
fazer o tratamento pela vida inteira... E o que acontece
é que as pessoas estão despreocupadas hoje em dia. Elas dizem que têm
amigos, conhecidos com a doença e que estão bem, vivem vidas tranquilas,
trabalham, casam. É uma falta de medo e uma tranquilidade que não
procede. Porque é uma doença sem cura. Outro problema é que a AIDS saiu
de moda. Era uma doença de gente rica, artistas, e hoje ela está
banalizada. Houve uma época em que ficamos praticamente sem crianças
portadoras do HIV. Hoje voltou tudo. Uma série de ganhos que havíamos
conseguido foi perdida. A banalização da doença tirou ela do centro das
discussões, é como se fosse uma doença do século passado, como a peste
bubônica. Só que a peste acabou, a AIDS ainda não. Existem festas hoje
em dia onde as pessoas transam sem camisinha sem importar...”
(Loreta Burlamarqui, médica, uma pioneira no tratamento da doença no Brasil, diretora da Sociedade Viva Cazuza)
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