“Diante dos lamentáveis fatos ocorridos ontem (segunda-feira), em Manaus, amplamente divulgados pela imprensa e pela internet, envolvendo uma cidadã paraense e o prefeito daquele município, Sr. Amazonino Mendes, o Governo do Estado do Pará se sente no dever de declarar o seguinte:
1. É inaceitável que, em qualquer circunstância, um ser humano sofra discriminação de qualquer espécie. É de se deplorar, portanto, a atitude de uma autoridade pública, eleita pelo povo, que, ante um problema social, mostra desequilíbrio e destempero e, não satisfeito em pedir que a mulher "morra", em seguida, ao saber que é paraense, destila ironia e sarcasmo dizendo que "então está explicado", deixando transparecer que todo o problema reside no fato da mesma ser paraense.
2. Certamente a atitude do prefeito não reflete o pensamento da maioria dos manauaras e amazonenses, que convivem há séculos e historicamente lutam bravamente com os seus vizinhos amazônidas por uma sociedade mais justa e fraterna e por uma Amazônia respeitada nacional e internacionalmente.
3. É fato que muitos paraenses migraram para Manaus em busca de dias melhores. Como é fato também que muitos amazonenses para cá vieram, fazendo companhia aos irmãos de outros Estados, em busca de um futuro. Em ambos os casos, os povos amazonense e paraense receberam os migrantes de braços abertos, e não haveria outra maneira de fazê-lo, já que somos todos brasileiros.
4. O Pará, através dos seus recursos naturais, sempre contribuiu para o desenvolvimento brasileiro, respondendo decisivamente para o superávit da balança comercial do país, graças às suas exportações, que, malgrado sua importância, não têm compensado os paraenses como deveria. As injustiças fiscais são uma das razões dos desequilíbrios regionais, pobreza e subdesenvolvimento, que, somados, forçam o povo a migrar para sobreviver. A realidade é dura para todos nós na Amazônia, e é incompreensível que haja rancores entre nós e, pior, alimentados por alguém que detém autoridade.
5. O Pará, formado pela soma de várias naturalidades e nacionalidades, lamenta o episódio em Manaus, mas há de compreender que, acima de tudo, deve estar a fraternidade entre os povos que sofrem igual e lutam por melhor qualidade de vida para todos, sem discriminação.
Por um Pará unido, por uma Amazônia unida, por um Brasil unido.
Belém, 22 de fevereiro de 2011.”
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