“Ele chegou com um copo de vidro cheio de refrigerante, me fitou e disse: ‘Me respeite. Lê no teu jornal o que tu fizeste’. Com receio de ser atingido pelo copo, me afastei junto com a minha família. Ele me seguiu até a rua, aos gritos de ‘palhaço’”, relata.
Na penúltima edição do Jornal Pessoal, quinzenal editado por Lúcio Flávio Pinto, foi publicada uma matéria sobre o processo em que o empresário está envolvido com os irmãos Rômulo Maiorana Júnior e Ronaldo Maiorana, proprietários do grupo de comunicação Liberal.
O processo trata de fraudes em recursos geridos pela Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia). No texto, publicado na 1ª quinzena de dezembro, o jornalista cita o esquema de notas fiscais frias emitidas pela empresa Progec, de propriedade de Chaves, usadas pelos Maiorana para se apossarem de dinheiro de incentivo fiscal da Sudam, que derivam de renúncia fiscal da União, para a implantação de uma fábrica de sucos regionais no distrito de Icoaraci.
A fraude, ocorrida em 1995, foi responsável por um rombo no valor de R$ 3,3 milhões - R$ 7 milhões, em valores atuais, O processo que apura o esquema está em tramitação desde 2008, com a acusação aos Maiorana de crimes contra o sistema financeiro nacional.
“A primeira reportagem do Jornal Pessoal sobre a fraude praticada pelos irmãos Maiorana saiu em maio de 2002. Desde então, venho acompanhando o assunto. Nunca fui contestado pelos Maiorana, nem por Rodrigo Chaves. Ao ser intimado a comparecer à Receita Federal, ele admitiu serem frias as nove notas fiscais e dois recibos que emitiu entre 1996 e 1997 para a Indústria Tropical Alimentícia. Com esses papéis, a empresa justiçou a construção de um galpão, onde funcionaria a fábrica de sucos. A estrutura teria sido posta abaixo por um vendaval, que teria ocorrido na área, mas atingiu apenas a construção dos irmãos Maiorana”, escreveu Pinto, em uma nota pública após a ameaça.
Em fevereiro, o juiz Antônio Carlos Almeida Campelo, da Justiça Federal do Pará, revogou uma intimação que ameaçava o jornalista Lúcio Flávio Pinto de prisão em flagrante caso publicasse informações sobre o processo. O despacho instituía que Lúcio ficaria sujeito ainda a multa de R$ 200 mil por qualquer notícia publicada sobre o assunto. A decisão foi revogada dois dias depois.
“A estratégia deles é não chamar atenção para o caso pois planejam protelar o andamento do processo para que o crime prescreva. Tentaram embargar meu trabalho na Justiça. Já fui agredido pelo Ronaldo (Maiorana). Mas eles não me intimidam, a verdade desse crime vai continuar vir à tona”, afirma Lúcio Flávio Pinto. O boletim de ocorrência foi registrado na Seccional de São Brás. A polícia civil abrirá um inquérito para apurar a denúncia. (Diário do Pará)
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