Cada vez mais encurralado por uma crescente onda de insatisfação popular e por uma grave crise política e econômica, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, desafiou ontem a oposição a recolher assinaturas para convocar um referendo para derrubar seu governo.
Na 350 edição do programa "Alô, Presidente", Chavéz descartou qualquer possibilidade de rebelião ou golpe de Estado na Venezuela. Ele pediu que o Gabinete tenha "nervos de aço" para superar a crise e reafirmou que a onda de protestos que tomou conta do país na última semana é obra de "conspiração da oligarquia" e que a única revolução possível no país é a "contra os burgueses".
— Nenhum líder oposicionista se atreveu a responder a pergunta: Por que não convocam um referendo? Se dizem que a maioria está com vocês e que aqui (no governo) só restaram uns quatro pobres coitados abandonando o barco... Mais uma vez volto a recomendar que, se Chávez está fora, se Chávez não é luz, se Chávez está acabado, bem, me afastem! Com toda a energia gasta nessa loucura, toda tinta e papel, que organizem um grupo, peçam o referendo. Vamos ver se dizem mesmo que estou acabado. Ninguém vai impedi-los — desafiou.
Chávez usou o programa para ler fragmentos de reportagens publicadas na imprensa local criticando o governo de Caracas. Depois de tirar do ar cinco canais de TV a cabo do país — desencadeando uma onda de manifestações estudantis que tomou as ruas de várias cidades e deixou dois estudantes mortos em choques com a polícia na semana passada — o presidente ontem anunciou que vai pedir ao Ministério Público uma punição ao jornal "Tal Cual", alinhado à oposição, por "desrespeito à democracia venezuelana".
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