O que era para virar lixo vai ajudar crianças e adolescentes da periferia de Santarém, no oeste paraense, a ter o primeiro contato com o mundo digital. A iniciativa é do projeto Puraqué, que vai trocar garrafas pet por uma "moeda social". Essa moeda vai possibilitar que o aluno "pague" a mensalidade de um dos vários cursos e oficinas que serão oferecidos pela entidade.
Além de proporcionar a formação desses adolescentes, o projeto tem uma vertente social, que é afastá-los de gangues e outras formas de violência que imperam, principalmente, nos bairros periféricos de Santarém. "O objetivo é oferecer o contato com o mundo da informática a quem é de baixa renda e ao mesmo tempo afastar esses jovens da violência das ruas", explica Jader Gama, coordenador do projeto.
Segundo Gama, algumas turmas já vão iniciar as aulas em abril. Ele afirma que serão atendidos 120 alunos com a faixa etária entre 12 e 18 anos. "Esse é o nosso público alvo: pessoas que estão à margem da inclusão digital", afirma.
De acordo com ele, como o projeto depende de doações e de voluntários, uma parceria foi firmada com uma empresa de reciclagem da cidade. A empresa vai comprar todo o material arrecadado. Os recursos adquiridos vão custear o material didático e pagar as despesas da sede do Puraqué.
O projeto Puraqué nasceu em 2001 da iniciativa de dois amigos universitários dos bairros Mapiri e Liberdade: Jader Gama e Tarcísio Ferreira. Na época, os dois locais eram bastante conhecidos pelo grau de violência entre os jovens que se alastrava com o surgimento de gangues. "Os confrontos de gangues eram frequentes e nosso objetivo era tirar os jovens dessa violência", diz o coordenador. Os primeiros computadores eram de propriedade da dupla. Com o tempo, eles adquiriram outras máquinas por meio de doações. Os alunos apareceram, as dificuldades também. Mas eles não desistiram. O projeto cresceu e hoje já são mais de 1.800 jovens beneficiados. Muitos saíram das gangues, outros deixaram de entrar nessas facções criminosas, o que levou à quase extinção delas. O coordenador do projeto afirma que a preocupação não se limita às aulas de informática e computação. Noções de jornalismo, meio ambiente, cidadania e ética também são repassadas aos alunos. "Procuramos abordar temas como meio ambiente, violência, sexo, drogas e desemprego. O Objetivo também é exercitar a cidadania desses jovens", explica. Hoje, o projeto tenta construir a sua sede própria e localizou suas atividades na grande área do Santarenzinho. Região com aproximadamente dez bairros da periferia de Santarém e que possui um alto índice de violência entre os jovens. Também é conhecido pela atuação de gangues, assaltos e homicídios por motivos banais. Jader Gama convida os santarenos a participar da I Feira Cultura Digital dos Bairros e Comunidades, que ocorrerá de 7 a 9 de abril no Centro de Formação da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, no Santarenzinho. "A feira é fruto de uma iniciativa do Pontão de Cultura do Tapajós em parceria com o Puraqué e o Projeto Saúde e Alegria. Pretendemos integrar pela primeira vez uma diversidade grande de iniciativas de inclusão digital que vem sendo realizadas na região", explica Gama. (Fonte: Amazônia)
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