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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Quem eu quero, não me quer

Por: Ercio Bemerguy
Encontrei-me ontem com um amigo de aproximadamente 70 anos de idade que caminhava em passos lentos na calçada ao redor do Museu Emilio Goeldi. Trajando short e camiseta, eram visíveis os sinais de suas condições físicas e de saúde precárias, num triste contraste com a sua admirável robustez de outrora, o que despertava o interesse de muitas mulheres por sua pessoa, para namoro e algo mais.

Nossa conversa foi rápida, mas ele não escondeu a sua tristeza, confessando que, embora esteja legalmente divorciado e em situação financeira razoável, não consegue conquistar uma mulher para ficar ao seu lado pelo pouco tempo que lhe resta de vida. Já foi alertado pelos seus médicos que a morte não tardará a chegar, visto que a sua doença é irreversível, incurável. Queixou-se, ainda, da rigorosa dieta alimentar que lhe foi imposta, obrigando-o a abandonar o hábito de saborear uma cerveja, que era sua companheira constante.

Tenha fé, não esmoreça, não perca a esperança, amigão! Quero vê-lo, ainda, firme e forte por muitos anos. Mas, realmente, você tem razão: deve ser mesmo cruel um homem constatar que a única maneira de recuperar a sua saúde é comer o que não quer e beber o que não gosta. E o que é pior: com idade e em condições que todas as mulheres lhe agradam e ele não agrada a nenhuma delas.

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