Uma casa no bairro da Marambaia, em Belém, abriga oito novos moradores. Eles estavam internados na Unidade de Reabilitação Psicossocial (URPs) e voltaram a ter o convívio social. O objetivo é reintegrá-los à sociedade e retirá-los do regime de asilo, que os hospitais psiquiátricos adotavam. A residência foi inaugurada ontem e é primeira experiência de tratamento de transtorno mental da região Norte do País.
Os oitos usuários dividem o mesmo espaço e fazem atividades diárias dentro da residência desde a última segunda-feira (16). O Serviço de Residência Terapêutica (SRT), conforme recomenda o Ministério da Saúde, não tem a função de isolá-los dentro de uma pequena moradia. Pelo contrário, é para resgatar o tempo em que eles ficaram internados e foram abandonados por seus familiares.
Discutir formas de tornar mais céleres as políticas públicas da Reforma Psiquiátrica no Brasil é um dos objetivos da IV Conferência Estadual de Saúde Mental, que encerra as atividades hoje no Centro de Convenções da Universidade Federal do Pará (UFPA). O encontrou foi aberto ontem e pretende promover a ampla participação de profissionais, usuários e familiares para estratégias na efetivação da luta antimanicomial.
O recolhimento de pacientes com transtornos mentais em hospícios não faz mais parte da realidade. A Lei 10.216, de 2001, redirecionou a assistência em saúde mental e ofereceu tratamento em serviços de base comunitária. É nesse contexto que a política nacional de atenção à saúde metal alinhada com os parâmetros da Reforma Psiquiátrica no País ganham sustentabilidade e visibilidade. Começaria, então, a desconstrução do sistema manicomial.
Elecilda Carvalho, diretora da URPs, relatou que a maioria dos usuários da residência terapêutica tem retardo mental e o restante, problemas esquizofrênicos residual. "Percebemos a emoção deles por ter saído daquele modelo de isolamento. Aqui eles estão próximos do centro de saúde, da feira, do shopping e do Caps (Centro de Atenção Psicossocial), onde vão prosseguir o tratamento e fazer atividades corriqueiras. É um resgate da cidadania para eles", comemorou a diretora.
Depressão, esquizofrenia e transtorno bipolar são os casos mais frequentes nos Centros de Atenção Psicossocial de Belém e dos municípios do interior do Estado, segundo informou a coordenação de saúde mental da Sespa. (No Amazônia)
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