Até aí tudo bem. Na hora do almoço, instintivamente, peguei o celular e quando ia fazer a ligação veio a lembrança desagradável, ou melhor a saudade.
Para quem tu estás querendo ligar? Ele não está mais aqui nesta dimensão! Foi o pensamento que me veio à cabeça naquele momento.
Aí me lembrei que o celular era inútil.
Não sou sentimentalóide, mas meus filhos notaram algumas lágrimas descerem sobre o meu rosto e minha mulher perguntou o que eu estava sentindo.
Nada falei. Esse momento era só meu, das minhas lembranças. Não dá pra repartir com ninguém mais.
Como um filme, naquele instante desfilaram em minha mente a nossa casa, na travessa Francisco Corrêa 139, o som diuturno de um piano, os sons da banda de música, as missas cantadas na igreja matriz, as manhãs alegres em que eu carregava a cesta do mercado para ele, enfim, tudo o que de bom e às vezes de malvado a saudade faz com a gente quando nos pega desprevenidos.
Então, pensei em te homenagear meu velho pai, Maestro Wilson Fonseca, o Izoca santareno.
Na imaginação peguei-te pelas mãos nonagenárias e caminhamos pela Santarém que tanto amavas.
Contemplamos, “em sonhos encantados” os eternos namorados da Terra Querida a cumplicidade do Amazonas-Tapajós, a Caieira, o Laguinho, o Mapiri, Rocha Negra, Diamantino, Salvação, Maria José, enfim, muitos recantos encantados que tão bem cantaste em tuas eternas canções que até hoje nos enternecem e que atualmente moram, indeléveis, em nosso coração, na pátria do espírito.
Quando levantei os olhos te vi ali de pé, na minha frente, sorrindo em pleno restaurante. Aquela visão era só minha, aquele momento não dava para dividir com outras pessoas. E me disseste: guarda a Santarém dos saudosos tempos em teu coração, em tua memória, nos teus versos e quando fores para o mundo maior, faz como eu. Leva encravada a Terra Querida terna e eterna nos teus mais puros sentimentos, no teu coração, para sempre. Reservei um lugarzinho no paraíso para todos os meus amigos e para os santarenos de coração puro.
Quando ele sumiu, descobri que eu nada havia almoçado e que o pessoal já estava pedindo a conta para o garçon. Mas não faz mal. Saí dali com o melhor dos banquetes.
Dr.Wilson é um mestre da crônica. Conseguiu nos emocionar.
ResponderExcluirWankes, Belém
Uma bela prova de amor filial. Com louvor, nota máxima ao cronista. Sds Marcela Linhares/Ananindeua-Pa
ResponderExcluirTive a felicidade de conhecer o maestro Isoca. Ele deve estar no reino de Deus acompanhando ao piano o coral dos anjos, rogando por Santarém, seu povo, sua família. O José Wilson herdou do seu pai o dom de escrever coisas belíssimas. LEILA VALENTE
ResponderExcluirOntem, Dia dos Pais, foi também de angústia, de sofrimento, pela falta do meu Velho, para abraçá-lo e dizer TE AMO, TE AMO,TE AMO! Mas, a minha Fé em Deus me faz acreditar que esse meu inesquecível pai, amigo, companheiro e parceiro dos momentos alegres ou tristes, está em bom lugar. O conteúdo dessa crônica, confesso, me fez chorar.
ResponderExcluirEmocinante o relato do senhor Malheiros com relação ao amor e a saudade do seu pai. Transmito a ele o meu fraterno abraço. Do Felix D. Vasconcelos,leitor deste atualizadíssimo blog em Brasília-DF
ResponderExcluirMeu caro Zé Wilson,
ResponderExcluirMuito obrigado por, no dia posterior ao "Dia dos Pais", ter recebido tão sentimental mensagem, a qual interpreto com segurança cada palavra, por muito conhecer a causa. Consola-te e tira, ainda hoje, mais um minuto e idealiza o Mestre Izoca, em outra dimensão, continuando seu melodioso e eternal modo de vida, afinal, ele, como os Bach, Bethoven, Debussy, Haendel, Tom Jobim, etc., passaram tempo conosco apenas aprimorando-se, para continuar e perpetuar-se entre as estrelas, na corte celeste ou como diriam os eternos gregos, no Olimpo. "A Pérola do Tapajós" gerou e foi gerada como que num envolvimento mágico transcendental em cujo elenco perpetuou-se Wilson Fonseca. É gratificante ter uma lembrança tão rica.
Eu também não pude cumprimentar meu pai e dizer-lhe "Feliz dia dos Pais, meu querido velho!" Tenho, porém, e temos nós, de podermos ouvir o "Feliz dia dos Pais, meu pai querido!", o alento de receber o abraço vigoroso dos jovens tesouros, que também nós construímos.
Eu, como tu, tocamos em nossos órgãos mutilados pelos ajustes da modernidade e volvemos o olhar de agradecimento a Deus e à ciência e podermos estar ainda vivendo estes dias tão especiais em nosso convívio familiar.
Eu senti, na tua mensagem, as brisas provocadas, trazerem-me as notas musicais saxofonizadas de Izoca, como que sussurrando "Minha terra tão querida, meu encanto, minha vida, Santarém do meu amor....", num agradável encantamento, pelo qual te agradeço.
Que por muitos anos ainda possamos trocar estas impressões destes maviosos e oníricos momentos, com o respaldo da nossa saúde e harmonia no lar e nas "mens sana".
Com especial consideração. Fernando Sousa.
Querido manão, fiquei muito emocionada com tuas palavras, o que retrata perfeitamente nosso tempo de outrora, embalado pelas belas recordações de nossa infancia/juventude lembrados hoje, com eterna saudade...
ResponderExcluirQue Deus continue te iluminando e proporcionando momentos maravilhosos como este.
Dorita
(tua mana que reside em Florianópolis SC)