O tão esperado leilão da área anexa ao estádio Baenão, popularmente chamada de 'Carrossel', acabou sem comprador, na manhã de ontem, na sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 8ª Região, em Belém. O terreno de 3,3 mil metros quadrados está avaliado em R$ 6,1 milhões, mesmo valor do lance mínimo para a praça pública. No entanto, nenhuma oferta foi feita durante a sessão. Longe de ter sido uma vitória para o clube, o fato abre a oportunidade para que os interessados possam apresentar lances inferiores ao estabelecido inicialmente. Ou seja, o Leão Azul corre risco de perder parte do seu patrimônio e não zerar sua dívida com a Justiça.
A hasta pública foi determinada pela juíza da 13ª Vara da Justiça do Trabalho, Ida Selene Braga, para quitar toda ou parte da dívida trabalhista do clube. Até ontem, o Remo devia a ex-funcionários exatamente R$ 8.865.338,85, incluindo aí valores referentes ao Imposto de Renda (R$ 924.943,10), INSS (R$ 376.783,55) e custas do processo (R$ 118.013,86), além dos processos trabalhistas (R$ 7.475.223,00).
O leiloeiro público Aldenor Bohadana abriu a praça exatamente às 11h09 e, pouco mais de 10 minutos depois, sem a apresentação de qualquer lance, encerrou o pregão. Em seguida, a juíza transformou a praça em leilão e encarregou o leiloeiro de receber os lances. O leilão segue aberto por tempo indeterminado.
De acordo com o vice-presidente jurídico do Remo, Mauro Maroja, a partir de agora o imóvel será arrematado pela 'melhor proposta'. Basta que os interessados entrem em contato com o leiloeiro para apresentar suas propostas. 'Normalmente são feitos dois leilões. No primeiro, só pode ser vendido pelo valor de avaliação, ou seja, 100% do valor, que hoje (ontem) era de R$ 6,1 milhões. Caso não haja comprador vai para o segundo pelo maior lance oferecido. Porém o juiz pode não vender se for um valor muito baixo, para não trazer prejuízo para as partes', explicou o advogado.
Sendo assim, prosseguiu Maroja, o 'Carrossel' tanto pode ser vendido por R$ 3 milhões quanto por R$ 10 milhões. 'Tudo vai depender do interesse que o imóvel despertar no mercado. No entanto, por conhecer o trabalho do leiloeiro designado e a conduta sempre correta da doutora Ida Selene, não acreditamos que seja aceita qualquer proposta oportunista', ressaltou Maroja. 'Por isso, não vejo isso como uma vitória. Seria sim uma vitória se houvesse o efeito suspensivo. O leilão é inevitável. No entanto, o Remo entende que este não é o momento dele acontecer, por que ainda estamos discutindo alguns ‘vícios processuais’', ponderou.
Advogado azulino promete evitar conclusão da hasta pública
Ainda na sala de sessões do Tribunal Pleno do TRT, o advogado do Remo, Mauro Maroja, voltou a afirmar que o Departamento Jurídico do clube continuará a recorrer para evitar a conclusão do leilão e a perda de parte do patrimônio azulino.
'Se hoje (ontem) houvesse comprador, nós poderíamos anular a praça por meio do Agravo de Petição que ajuizamos ontem (quinta-feira) e que ainda aguarda julgamento. Como não houve oferta e foi aberto o leilão para a melhor oferta, teremos tempo para tomar outras medidas já que o segundo leilão ficará aberto por tempo indeterminado', pontuou o advogado, que não perdeu a oportunidade de cutucar a oposição à atual diretoria.
'É bom deixar claro para a torcida remista e a sociedade que todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas por esta administração. Mas é igualmente importante lembrar que essa é uma dívida trabalhista contraída em gestões anteriores que veio rolando e rolando até se transformar nesta bola de neve que estamos vendo', recordou.
Eleições
Com o futuro de seu patrimônio físico ameaçado e cheio de incertezas quanto ao seu futuro, o Remo vive hoje um dia histórico em sua política interna. A partir das 8h, quando as urnas serão abertas na sede social da Avenida Nazaré, os sócios remistas conhecerão em bate-chapa quem comandará o Conselho Deliberativo (Condel) do clube pelo mandato de quatro anos. Concorrem as chapas "Clube do Remo: Reconstrução e Seriedade" e "Diretas Já/ Juventude Azulina".
A primeira, representando a oposição ao presidente Amaro Klautau, com Manoel Ribeiro como candidato à presidência do Conselho Deliberativo. A segunda, composta por integrantes da atual gestão e por associados favoráveis à adoção de eleições diretas para a presidência do clube, tem o advogado Hermes Tupinambá concorrendo ao comando do Condel.
Duas opções para os quase 9.500 sócios do Leão Azul. A escolha será feita no salão nobre da sede azulina, das 8 às 16 horas. A apuração acontece logo em seguida e, à noite, o resultado poderá ser conhecido. A posse dos novos 120 conselheiros (100 efetivos e 20 suplentes) será imediata. (No Amazônia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário