Acabo de ler nos jornais que o ministério da Saúde reduziu a verba do SUS para o tratamento de determinados tipos de cancer. O gasto anterior era de R$ 68oo. Caiu para R$ 6100.
Num país onde todos os preços estão em alta — inclusive da passagem de ônibus em São Paulo, não é mesmo? — essa redução é preocupante, conforme a maioria dos médicos. Tanto é assim que foi resolvida às vésperas do Natal, quando ninguém presta atenção nesse tipo de coisa.
Essa decisão seria até menos relevante se o Brasil inteiro não estivesse de olho, há vários anos, no tratamento do vice José Alencar, vítima de um cancer no abdomen que ele enfrenta com coragem, bravura — e os melhores tratamentos que a medicina pode oferecer.
Como todos os brasileiros, tenho uma admiração absoluta por José Alencar. Sinto orgulho de sua postura corajosa e fico feliz em reparar que jamais percebi uma sombra de medo em seus olhos — e nós sabemos que ele enfrentou situações pavorosas. Essa postura de Alencar fortalece e estimula todo cidadão e toda família em situação parecida.
Ao longo de seu tratamento, o vice foi submetido a um infinito conjunto de operações e, certa vez, teve de ir aos Estados Unidos para fazer uma cirurgia destinada a corrigir um erro que fora cometido na mesa de operações em São Paulo.
Lembro dessas coisas para perguntar: quanto o vice gastou em sua luta pela vida? Li numa reportagem que os gastos ficaram em R$ 1 milhão, um pouco mais, um pouco menos. É justo. Cada um tem o direito de gastar o que tem para defender o bem mais precioso — talvez o único bem — da existência.
Mas vamos combinar: reduzir verba para tratamento de cancer não dá. Equivale a antecipar o fim da vida de quem nunca teve como se defender, concorda?
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