O Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza realizou, ontem, mais duas cirurgias que devolveram a audição aos pacientes. O procedimento já foi realizado quatro vezes pela equipe multidisciplinar do hospital e o coloca como uma referência em cirurgias de alta complexidade. Segundo o diretor geral do Bettina Ferro, Paulo Amorim, o hospital fará duas cirurgias por mês ao longo de 2011, podendo aumentar esse quantitativo. "Estamos trabalhando para que consigamos mais recursos para podermos realizar um número ainda maior de cirurgias", disse o diretor.
A cirurgia que possibilita que pessoas surdas voltem ou passem a ouvir é extremamente sofisticada, segundo explica o médico otorrino, Renato Cal, que integra a equipe multidisciplinar do hospital. De acordo com ele, o procedimento cirúrgico consiste em fazer um furo atrás da orelha e colocar um eletrodo no interior de uma área do ouvido chamada cocler. O paciente passará a usar um aparelho na área externa ao ouvido, com uma antena, que em contato com a pele e músculos permitirá gerar estímulos ao eletrodo e fazer com que a pessoa ouça. "Há casos em que a pessoa resgata 100% da sua audição. Mas, quanto mais precoce for realizado o procedimento após o surgimento/detecção da surdez, melhor o resultado", explicou o médico.
Renato Cal destaca que a cirurgia é indicada tanto para pessoas que nasceram surdas quanto para pessoas que adquiriram a surdez após algum tipo de acidente (trauma) ou doença, como é o caso da meningite. No caso das pessoas que nasceram com a surdez, o ideal é que a cirurgia seja feita o quanto antes, de preferência antes dos 6 anos, pois assim a recuperação da audição será melhor. Já para os que a adquiriram, o ideal é realizar o procedimento o mais cedo possível após o diagnóstico da surdez.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em países desenvolvidos de cada mil nascidos um terá surdez. Já nos países menos desenvolvidos, como é o caso do Brasil, essa relação pode ser maior. "No Brasil já existe uma portaria do Ministério da Saúde que determina que toda criança que nasça no País faça o teste da orelhinha, exame rápido e que é feito na primeira semana após o nascimento do bebê", disse o médico, ressaltando que o exame é importante e deve ser buscado pelos pais no momento do nascimento de seus filhos. Em Belém, o hospital da Santa Casa faz o teste da orelhinha.
Segundo Paulo Amorim, há uma lista de espera de cerca de 50 pessoas para fazer o procedimento. Por essa razão, segundo ele, a direção irá trabalhar para conseguir mais recursos para as cirurgias, assim como para a realização de cirurgias de alta complexidade em outras áreas. "Estamos trabalhando para voltarmos a realizar vitrectomia (cirurgia que melhora a vista) a partir de fevereiro, entre outras, além de investirmos na atenção básica à saúde pelos alunos da Faculdade de Medicina (UFPA) com recursos próprios", disse o diretor geral do hospital. Em 2010, a Universidade Federal do Pará (UFPA) investiu de recursos próprios no hospital cerca de R$ 700 mil. "Este ano, estamos querendo dobrar esse investimento e acreditamos que poderemos ofertar cada vez mais serviços à população", acrescentou. (No Amazônia)
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