Um feto do sexo masculino, com aproximadamente seis meses de vida, foi encontrado, na manhã de ontem, num saco de lixo junto a oferendas de umbanda (conhecidas como despacho), ao lado do cemitério Santa Izabel, em Belém. O corpo foi abandonado na última terça-feira (15), no cruzamento da avenida José Bonifácio com a travessa Paes de Souza, acompanhado de vinho e pipoca. Muitos curiosos se aproximavam para ver o feto e ficavam chocados ou revoltados. O Instituto Médico Legal (IML) já está fazendo uma perícia no corpo. Um umbandista, cuja identidade não será revelada, afirmou que esse tipo de oferenda geralmente é um trabalho de magia negra muito pesado, com o objetivo de matar alguém. Ele também acredita que o ocorrido seja apenas um disfarce para esconder um aborto e fazer todos acreditarem que se tratava de umbanda ou bruxaria.
A soldado Cristina Silva, do Corpo de Bombeiros, examinou o feto e estimou que a idade seria de seis ou sete meses, pois a criança já tinha cabelo, além de pés e mãos formados. Ela disse que estava retornando ao quartel quando a viatura na qual estava foi chamada por pessoas que estavam no local onde o corpo estava. "Somente a perícia do IML poderá dar mais detalhes. Mas trata-se de um bebê do sexo masculino. Não encontramos nenhum resto de placenta. Somente sangue", comentou.
O mototaxista Júnior Ferreira, de 35 anos, trabalha num ponto em frente à Caixa Econômica Federal, próximo ao cemitério Santa Izabel. Ele relata que o saco onde o feto estava foi deixado, junto com vinho e pipoca, na terça-feira passada. O mototaxista e outros colegas do local pensaram ser "apenas mais um despacho de umbanda", mas, na quarta-feira (16), o saco estava exalando um mau cheiro muito forte, o que levantou suspeitas.
Algumas mães ficaram chocadas ao ver a cena. Muitas choraram. Uma delas foi a cabeleireira Natali Dias, de 27 anos, grávida de seis meses. Ela estava na Caixa Econômica quando viu a movimentação ao lado do cemitério e quis saber o que era. Quando descobriu, não conseguiu se conter, pois o feto tinha a mesma idade que o filho dela. "Isso é desumano. Não dá para acreditar que uma pessoa faça isso. Não é mãe. Por mais que fosse um aborto espontâneo, merecia ser tratado ou enterrado e não jogado na rua. Conheço quem queria um filho e não consegue ter", disse, com lágrimas nos olhos. O feto foi removido ainda pela manhã pelo IML. Ninguém apareceu para reclamar o corpo ou se identificar como parente. O cadáver do menino passará por uma necropsia hoje, com um médico histopatologista terceirizado pelo Centro de Perícia Científicas Renato Chaves, num laboratório também terceirizado. O laudo do serviço de verificação de óbito (SVO) com a causa da morte será entregue em até 15 dias, com possível prorrogação de mais 15 dias. Depois, o corpo será sepultado. (No Amazônia)
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