Esperei dias e noites pelo Poema
Esperei por Ele no poente
Ele vinha e acenava
Depois
Escapava no fio do horizonte
Para acenar de novo no nascente
Esperei dias e noites pelo Poema
Por vezes
Sentado na areia
Senti seu cheiro na veia do vento
No abrigo
Senti que chegava
Escutando a chuva caindo
Cantando no borro da telha
Noutras
Ouvi seu canto na concha que guardava o mar
Ouvi seu rosnar no salto do gato no oco do ar
Esperei dias e noites pelo Poema
Pensei tê-lo visto sorrindo nas mãos pequenas de uma criança
Que corria atrás de uma borboleta
Pensei tê-lo visto chorando nas mãos de pedra de um lavrador
Que semeava a terra trincada agonizando de sede
Esperei dias e noites pelo Poema
Procurei por ele em terras e várzeas
Procurei por ele na solidão do mar
Procurei por ele no silencio do céu
Procurei por ele em todas as estações
Procurei por ele nos quatro cardeais
Mas
Ele estava lá
Quieto!
No negro espelho d’água do Poço de Pedra
Ele estava lá
Guardando tudo o que eu vi e o que eu não vi
Na eternidade.
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