A J.Malucelli Construtora não fez nenhuma formalização ao consórcio, mas também está disposta a se desfazer de sua participação se houver algum interessado. "O negócio não está no DNA da construtora", afirma o presidente do Grupo Malucelli, Joel Malucelli. A empresa tem participação em Belo Monte por meio de duas subsidiárias: a J.Malucelli Construtora e a J.Malucelli Energia. A intenção, segundo o presidente do grupo, é continuar no projeto apenas por meio da empresa de eletricidade.
A construtora Mendes Júnior é outra sócia que deixará o consórcio. Mas, nesse caso, a desistência se deve a uma pendência da empresa com o Banco do Brasil (que não poderia financiar o consórcio). Para sair da sociedade, no entanto, as empresas precisam encontrar um comprador para suas ações. Foi o que ocorreu com a Gaia Energia, do Grupo Bertin, cuja fatia (9%) no projeto será absorvida pela Vale.
Cogita-se no mercado que o fundo de pensão Funcef (dos funcionários da Caixa) e a Neoenergia (Iberdrola, Previ e Banco do Brasil) poderiam adquirir a fatia desses novos desistentes. Juntas, Galvão, Serveng, Cetenco, Contern e Mendes Júnior, têm 6,25% de Belo Monte. A J.Malucelli Construtora tem 1% de participação. No início, essas empresas respondiam por 29,98% do consórcio, que também contava com Queiroz Galvão (10,02%), Gaia (10,02%) e a estatal Chesf (49,98%).
Esse grupo foi formado pelo governo federal às vésperas do leilão e surpreendeu todo o mercado, já que as empresas eram de porte menor comparado às gigantes Andrade Gutierrez, Odebrecht e Camargo Correia. Sem as "desconhecidas", o leilão de Belo Monte não teria tido competitividade, já que havia apenas mais um consórcio interessado.
Mas, logo após a disputa, a situação começou a mudar. De protagonistas, essas empresas viraram figurantes. Suas participações foram reduzidas e o poder dentro do grupo limitado a obedecer às ordens de Valter Cardeal, o diretor da Eletrobrás que comanda as negociações ligadas ao projeto de Belo Monte. O grupo Eletrobrás continuou com 49,98% do projeto. Mas outros sócios entraram no negócio: Petros (10%); Funcef (2,5%); um fundo de investimento da Caixa (5%); e Neoenergia, 10%.
Com participação pulverizada, sem voz dentro do grupo e com obrigações financeiras pesadas a cumprir, as empresas decidiram se desfazer de suas posições, afirmou um dirigente, que prefere não se identificar. Segundo ele, a participação estatal dentro do consórcio também pesou na decisão das companhias. Mas elas não vão sair de mãos abanando. As companhias continuarão no consórcio construtor que levantará a usina. (No estadão.com)
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