O Ministério Público do Estado do Pará adiou, para a próxima segunda-feira, 6 de junho, o depoimento do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Domingos Juvenil. Segundo o promotor Arnaldo Azevedo, ainda falta a análise de alguns documentos para que sejam feitos os questionamentos ao peemedebista. Cercado por seguranças, Juvenil compareceu ao MP na manhã de ontem. Ele chegou ao local por volta das 9 horas em um Fiesta Preto. Ficou cerca de uma hora dentro do órgão, de onde saiu pela portas dos fundos, em um Peugeot Passion prata, tentando fugir da Imprensa. Esta foi a primeira aparição do peemedebista desde que o escândalo da Alepa ganhou força na mídia.
Questionado sobre a participação de Domingos Juvenil nos esquemas de fraude que envolvem desvio de verba por meio de funcionários fantasmas e licitações ilegais, Arnaldo Azevedo voltou a dizer que ele era o gestor da Casa no período que ocorreram a maior parte das irregularidades e, por isso, é pouco provável que o peemedebista não tivesse conhecimento dos crimes que estavam acontecendo. "Nós precisamos ouvi-lo. Vai ser importante para entender como se deram as contratações e as questões dos atos. Porque as pessoas que vieram prestar informações não explicaram como eram feitos esses processos", disse Arnaldo.
O promotor diz que ainda aguarda dados técnicos da auditoria interna do MP antes do depoimento de Juvenil. A documentação entregue pelo Banpará também está sendo analisada. "O depoimento foi adiado em razão dessa análise ainda não ter chegado às minhas mãos", justificou. Os desdobramentos na investigação ocorridos nos últimos dias, com a coleta de novos materiais durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, na semana passada, na casa de familiares de Daura Hage e na empresa Croc Tapioca, de propriedade do ex-marido dela, José Carlos Rodrigues de Souza, também influenciaram na mudança da data.
De acordo com Azevedo, os materiais apreendidos ainda estão lacrados e serão abertos durante uma audiência, que ainda será marcada e contará com a presença dos advogados das partes envolvidas. O MP também analisa documentos que podem envolver pessoas com foro privilegiado. Duas cópias de uma carta que seria escrita por José Carlos de Souza a Daura Hage também viraram objeto de análise. Arnaldo informou apenas que uma das cópias foi apreendida na casa da própria Daura. Sobre a procedência da outra ele não quis detalhar. "Essa investigação começou com irregularidades na folha e com os desdobramentos passou para outra parte de fraudes em processos licitatórios", observou.
Carta abre nova frente de investigação de fraudes na assembleia
Na carta, José Carlos de Souza, ex-marido de Daura Hage, fala que está sendo pressionado pela Receita Federal e manda Daura arrumar dinheiro para pagar os impostos com um senador, que seria o principal beneficiado do esquema. O MP investiga quem é o senador. "Ele mostra que algo de ilícito tinha no processo. O que o MP tem que mostrar é quem participava desse processo", disse o promotor Arnaldo Azevedo. Ele explicou que se for comprovada a participação de pessoas com mandato federal, o caso será encaminhado ao Ministério Público Federal. Sobre as últimas declarações do senador Mário Couto em relação ao fato, Azevedo argumentou que "ele está se defendo de algo que ninguém o acusou. O fato de irregularidades terem acontecido na gestão dele não significa que ele tenha envolvimento. Como ele começa a se defender, eu começo a ficar preocupado", declarou. (No Amazônia)
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