Para levantar o número de brasileiros em extrema pobreza, o governo levou em consideração, além do rendimento, outras condições como a existência de banheiros nas casas, acesso à rede de esgoto e água e também energia elétrica. Esse mapeamento foi feito pelo IBGE a pedido do governo federal para orientar o programa "Brasil sem miséria", que será lançado nas próximas semanas pela presidente Dilma Rousseff. A informação foi dada, ontem, em Brasília, pela ministra de Desenvolvimento e Combate à Fome, Tereza Campello.
Conforme a ministra, o governo será capaz de erradicar quase que por completo a extrema pobreza em quatro anos. "A ideia é de que estamos fazendo um esforço extraordinário do governo federal, dos governos estaduais e dos municípios para erradicar a extrema pobreza. Não estamos falando de um plano que continuará, mas de uma força tarefa [para erradicar a pobreza em quatro anos]. O plano acaba em quatro anos", disse a ministra. Ela explicou que os programas sociais que beneficiam famílias pobres - mas com renda superior a R$ 70,00 - continuarão, como o "Bolsa família" e o "Minha casa, minha vida".
"Continuaremos com as ações de transferência de renda e ações de saúde e educação na faixa dos R$ 70,00 a R$ 140,00. Mas quando você vê o grau de fragilidade para os que vivem abaixo dessa faixa, justifica que a gente tenha um olhar especial", disse, explicando a escolha de dedicar próximo programa do governo aos brasileiros que ganham menos de R$ 70.
Pelo levantamento, 849.535 paraenses em situação de miséria residem em área rural. Equivale a 59% da população do Estado na linha de extrema pobreza, apesar de apenas 31,5% de toda a população do Pará morar no campo. O restante das pessoas em condição de miséria no Pará, 41% (582.653), mora em áreas urbanas, onde reside a maioria da população - 68,5%. São 292.871 domicílios nessa situação no Estado, ente 163.496 rurais e 129.375 urbanos.
Quando analisados os dados nacionais, a proporção se investe. Segundo o IBGE, em todo o Brasil são 46,7% das pessoas na linha de extrema pobreza vivem na zona rural, enquanto 53,3% são moradores de áreas urbanas. Já na região Norte, são 2.658.452 de pessoas em condição de miséria, com 56% no campo e 44% nas cidades. Em números brutos, a região só fica atrás da Nordeste em concentração de extremamente pobres, com 9.609.803 de pessoas ou 59,1%. Os miseráveis estão mais presentes no Nordeste (onde representam 18,1%) e no Norte (16,8%). Essas regiões serão prioritárias no plano. O Sul é a área com menos gente extremamente pobre (cerca de 2,6%).
Plano do governo tem 16 milhões como alvo: Para nortear seu plano de erradicação da pobreza extrema, o governo federal definiu ontem que o alvo da ação será o contingente de 16,2 milhões de pessoas que ganham até R$ 70,00 ao mês. A renda é inferior à utilizada em estudos sobre miséria, entre eles um citado pela presidente Dilma Rousseff durante a campanha. Os R$ 70,00 são utilizados pelo Bolsa Família há mais de dois anos para definir quem é extremamente pobre. Quanto menor o valor estipulado, menor o contingente de pessoas consideradas extremamente pobres. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, que coordena o plano, para chegar aos R$ 70,00 foram usados três referenciais. Esse valor pode ser reajustado até 2014.
Além da linha do Bolsa Família, a do Banco Mundial (US$ 1,25 por dia, que se aproxima de R$ 70 por mês) e os gastos com alimentação em diferentes regiões do país. Extremamente pobre, segundo uma das definições mais aceitas, é quem não consegue, com sua renda, comprar alimentos que somem 2.500 calorias/dia. (No Amazônia)
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