Por Ricardo Noblat em seu blog:
Nem por encomenda a entrevista concedida pelo ministro Antonio Palocci, da Casa Civil, ao Jornal Nacional poderia ter sido melhor para ele.
Palocci respondeu com calma e simpatia todas as perguntas do repórter Júlio Mosquéra. Tentou tirar o peso da crise de cima do governo para arcar sozinho com ele. Não caiu na tentação de lembrar que ex-ministros viraram consultores depois que deixaram o governo. Nem que deputados - mais de 200 - prestam consultoria. Por fim, pediu humildemente que as pessoas acreditem em sua boa fé.
É fato que nada acrescentou ao que já havia dito antes em sua defesa. É fato também que não respondeu ao que todo mundo quer saber - a quem prestou serviços de consultoria, quanto ganhou por tais serviços, que serviços exatamente foram esses. Não foi convincente quando disse que faturou muito no final do ano passado porque decidira encerrar suas atividades como consultor.
Entre a eleição de Dilma e o dia da posse dela, Palocci recebeu, por baixo, algo como R$ 10 milhões. Isso quer dizer que ele deu consultoria enquanto coordenava a campanha de Dilma? Ou esses R$ 10 milhões foram pagamentos atrasados por serviços prestados antes de ele assumir a coordenação da campanha? Por serviços futuros, imagino que não.
E o que dizer sobre o fato de ter faturado sozinho tanto ou mais do que empresas do ramo com centenas de funcionários? Não disse. Driblou a pergunta.
De toda forma, a entrevista serviu para que Dilma o mantenha no cargo, se quiser. Poderá alegar que acreditou no que ele disse. Tudo é uma questão de fé. E concluir que já pagou o preço por não tê-lo demitido até agora. Prejuízo contabilizado.
Pesquisa encomendada pelo governo avaliará a repercussão da entrevista de Palocci. Se ela for boa, ou se a pesquisa mostrar que o povão não está nem aí para o episódio, Palocci poderá comer canjica no cargo. A não ser que um fato novo...
Mas quem está de fato atrás de um fato novo capaz de detonar Palocci de vez? Não vejo muitos interessados nisso.
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