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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Neymar craque do marketing

Neymar em cena de campanha: contratos disputados pelo Santos e pela 9nine.
A bola da vez no cardápio de celebridades oferecidas aos anunciantes está nos pés do atacante Neymar. Jovem, habilidoso e já ciente do próprio potencial marqueteiro, o garoto, descoberto aos seis anos por sua coordenação motora superior à média e que aos 13 foi cobiçado pelo futebol espanhol, tem nos contratos publicitários a motivação para permanecer no Brasil. "Ele é único, porque é um talento reconhecido internacionalmente. Os outros estão todos jogando lá fora", diz Antonio Fadiga que, além de presidente da agência de propaganda Fischer & Friends, é membro do comitê gestor do Santos - criado para administrar carreiras dos jogadores e evitar a debandada geral para o exterior. Esse colegiado de sete membros montou a engenharia financeira que garante o salário mensal de R$ 1,3 milhão de Neymar.

Com ascensão meteórica, Neymar já compete em cachê com veteranos como Kaká e Pelé - ambos não saem de casa para falar bem de uma marca por menos de R$ 1 milhão. O jogador já associou sua imagem a empresas como Nextel, Nike, Tenys Pé Baruel e Red Bull. Recentemente, fechou um contrato de quatro anos para ser garoto-propaganda da fabricante de meias Lupo por R$ 4,4 milhões.

A grande diferença, nesse momento da carreira de Neymar, está na maneira como estão se dando os acertos. "Foram seis meses de muita conversa com o pai dele, Neymar dos Santos, juntamente com um representante do Santos", conta Valquirio Cabral Jr., diretor comercial da empresa. A participação do craque foi exaustivamente detalhada pela agência G2, que deu largada na ação de marketing com ele tuitando a frase "agora sou meia", o que provocou a maior repercussão até ele retuitar que permanecia atacante e que "meia para ele, só Lupo".

Esse senso de marketing na carreira de Neymar contou com preparação, que incluiu até treinamento de mídia para dar entrevistas - feito pela CDN Comunicação Corporativa. A medida foi tomada pelo Santos na ambição de gerenciar a carreira de seus atletas. "Ele eriça o cabelo, usa meias acima dos joelhos, munhequeiras de cores diferentes nos pulsos e calções largos. Faz tudo para ser diferente", diz Fadiga, para quem Neymar está assumindo o posto de "namoradinho do Brasil" - lugar ocupado nos esportes pelo corredor Ayrton Senna e o tenista Guga.

"Além de ter uma alegria que desapareceu do futebol há tempos, ele também surge num momento em que a classe social a que pertence, a emergente classe C, ganha expressão, o que reforça sua imagem para representar uma enorme gama de produtos", acrescenta Fadiga.

O potencial do atacante do Santos é tão evidente, que, além do Santos, a empresa de marketing 9ine, do ex-jogador Ronaldo, também está na disputa por contratos para o garoto. No momento, a 9ine tenta fechar com a Claro e com a Ambev, para tornar Neymar representante do Guaraná Antarctica. Nos dois contratos, 30% devem ficar com o Santos e 20%, com a 9ine e o empresário do garoto. O restante vai para o bolso do atleta. "Ainda não fechamos nenhum contrato porque as negociações com ele são bem mais longas do que com outros atletas", resume Evandro Guimarães, diretor da 9ine. Um dos executivos da Ambev diz que o atacante é uma promessa, mas ainda está muito no começo do seu percurso para lhe atribuírem tanto potencial. "De promessas, o mundo está cheio. É preciso ponderar com cuidado", diz.

A participação do pai torna as negociações mais longas. "Ele tem uma visão clara do que é importante para a carreira do filho", avalia Gustavo Diament, diretor de marketing da Nextel, que tornou pai e filho personagens do comercial da operadora de telecomunicações. O contrato de seis meses se encerra agora em setembro. "Nas conversas, o pai argumentava que tinha outras ofertas. Disse a ele que não tinha o cheque mais gordo, mas oferecia a melhor parceria, com uma mensagem positiva." No filme da Nextel, Neymar destaca o valor do pai na sua carreira.

Gestão. Com a Copa de 2014 no Brasil e de olho no potencial de atletas como Neymar, muitas agências estrangeiras especializadas em gestão de carreiras de atletas estão de olho no Brasil. Na Inglaterra, como conta Felipe Aquilino, gerente de marketing do canal Esporte Interativo, são essas empresas que administram as carreiras individuais dos jogadores independentes dos clubes. Um mercado ainda incipiente no Brasil, onde os clubes dão as cartas nas negociações.

Três da maiores agências de marketing esportivo se instalaram no País desde do final no ano passado. Em parceria com o empresário Eike Batista, chegou a IMG Worldwide, gigante do entretenimento e esporte mundial. Na mesma linha de atuação, a Octagon adquiriu a empresa carioca B2S Marketing para desenvolver estratégias de marketing esportivo para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Em conversas com agências locais está outra das maiores do ramo, a Creative Artists Agency (CAA), que tem sede em Los Angeles. (estadão.com)

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