Era muita gente, era pouca? Era contra o governo, a favor? Foram passeatas de gente chique, de gente não-chique? Não faz a menor diferença: a corrupção, mais do que brava, está descarada, exibida, mostrando o rosto de total semvergonhice. Um ministro é acusado de ladroagem, cai e pronto: considera-se que já foi punido. A deputada federal diz que roubou sim, manchou o seu nome, mas como foi antes de ser deputada seus colegas a pouparam. O ladrão público, antes arisco e discreto, circula hoje, confesso, com toda a pompa e cercado de amigos.
Este é o problema das marchas contra a corrupção: os pés não pensam. A solução está mais na estrutura que nas pessoas, e fazer com que as pessoas mudem e se transformem em Madres Terezas demora um pouco. Um banco sabe que é difícil encontrar 2, 3, 4 mil funcionários à prova de tentações. Por isso monta um esquema de controle e supervisão. É o que falta ao Estado brasileiro.
O trabalho é reduzir as oportunidades de praticar a corrupção e aperfeiçoar os mecanismos de localizá-la e puni-la. Mas não esperemos lutar contra a corrupção mantendo um sistema eleitoral em que um candidato gasta cerca de 2 milhões de dólares na campanha. Alguém paga a conta e depois vai cobrar. Não se espere cuidado no uso do dinheiro público quando há 40 ministérios – ou secretarias estaduais e secretarias municipais – e dezenas de milhares de cargos a preencher sem concurso. Não se espere probidade de um governo fatiado entre partidos.
Sempre haverá ladrões. É localizá-los, processá-los, puni-los. Simples assim.
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