Sem avanço nas negociações salariais entre bancários e a patronal, a categoria promete adotar medidas mais enérgicas nas manifestações da próxima semana no Estado. O próximo passo a ser tomado pelos trabalhadores no Pará, segundo o presidente da Associação dos Empregados do Banco da Amazônia (Aeba), Silvio Kanner, é intervir na parte tecnológica do banco, e, sobretudo, restringir a entrada da alta gestão da instituição às dependências do estabelecimento, exclusivamente no caso do Banco da Amazônia.
"Vamos aguardar um aceno da diretoria até a próxima terça-feira. Até lá, pretendemos paralisar 95% da mão de obra, já que hoje mais de 80% dos bancários estão de braços cruzados. A medida seguinte vai limitar a entrada de gerentes e diretores, que atualmente trabalham normalmente", avisa o presidente, enfatizando que a ação é simbólica. Cerca de 40% das agências no País ficaram de portas fechadas ontem.
Para Kanner, com a morosidade no avanço das negociações, a alternativa será a radicalização - que já está sendo discutida entre a categoria. "É evidente que existem outras formas de barganha, e não queremos prejudicar ninguém. A partir da próxima segunda-feira o comando de greve vai sentar com os trabalhadores e decidir os rumos do movimento", assevera, prometendo levar à assembleia geral a proposta de aumentar a carga horária dos piquetes até as 18 horas, e não mais até o meio-dia, como ocorreu nesta primeira semana de paralisação.
Outra proposta apresentada por Kanner é a inviabilização do funcionamento tecnológico do banco. "Também vamos avaliar a possibilidade de iniciar os piquetes às 4 horas da madrugada, para evitar que alguns funcionários furem a greve, sobretudo aqueles do serviço de contingência", sugere. De acordo com o presidente da Aeba, as manifestações da próxima semana devem contar com o apoio de parlamentares. Segundo a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Pará (Seeb-PA), Rosalina Amorim, a adesão dos trabalhadores deve acontecer automaticamente; com isso mais serviços serão paralisados. "No primeiro dia de greve tivemos a participação de quatro mil trabalhadores. No segundo foram seis mil bancários e sete mil no terceiro dia de manifestação", avalia.
Quanto ao acordo firmado entre os funcionários e a diretoria do Banpará, Amorim afirma que o movimento perde 20% da sua força, porém a categoria vai continuar aguardando pelo resultado da greve. "Mesmo voltando ao trabalho, os empregados do Banpará irão aguardar o posicionamento da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos). Se a proposta da Federação for melhor do que o acordo fechado por eles, a negociação feita com a diretoria local cairá, passando a valer o novo acerto", explica. Rosalina Amorim garante que, pela legalidade da greve, os serviços essenciais serão mantidos. "Não vamos reduzir a prestação destas operações, como é o caso da compensação de cheques e dos serviços de auto-atendimento, que podem ser feitos através dos caixas eletrônicos", informa.
Por meio de nota, a Federação Nacional de Bancos (Fenaban) "reafirma sua disposição em dar continuidade às negociações com as representações dos bancários, visando a construção de proposta que leve a um acordo. A nota diz ainda que as lideranças sindicais receberam a primeira proposta global no dia 20 de setembro e na mesma semana, no dia 23, a segunda, contendo reajuste de 8% para corrigir salários, pisos, benefícios e Participação nos Lucros e Resultados (PLR). A paralisação dos bancários permanece parcial, como consequência de ação de piquetes contratados pelos sindicatos", diz a nota. Os bancários reivindicam 12,5% de reajuste, entre salário e ampliação na participação nos lucros, o que implica 5% de aumento real (acima da inflação). A contraproposta dos bancos é de 8%, 0,5% de aumento real. (Amazônia)
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