Bandeiras, palavras de ordem e criatividade marcaram a manifestação pública contra a divisão do Pará, ontem em Belém. Cerca de 500 pessoas participaram da segunda passeata promovida pela Frente Contra a Criação do Estado do Tapajós. A caminhada foi mobilizada pelas redes sociais da internet e partiu da escadinha do Cais do Porto, e foi até a praça da República.
A estudante Paloma Freitas, de 15 anos, se vestiu com um pijama e uma placa com os dizeres "Os facínoras de paletó estão dormindo", para se manifestar contra a criação de Tapajós e também de Carajás. "Vou assim para todas as caminhadas, pois é preciso chamar a atenção da sociedade para a gravidade do assunto. Só ficar na internet não basta, a presença da população é importante. Como cidadã não abro mão de estar em marchas contra a divisão do Pará", disse a garota.
O presidente da Frente contra Tapajós, o deputado estadual Celso Sabino (PR), explica que a criação do novo Estado, cuja capital seria o município de Santarém, implicaria em gastos de R$ 2 bilhões. Ao somar as verbas próprias com as oriundas da União, a arrecadação não seria superior a R$ 1 bilhão. "Precisamos desfazer o mito de que a fragmentação vai resultar na melhor distribuição de investimentos públicos e de infraestrutura. Ao contrário, com o déficit nas contas, os novos estados vão multiplicar a miséria", argumenta. No comitê do grupo em defesa do Pará, a distribuição de bandeiras e adesivos da campanha é gratuita.
No dia 11, as propagandas pela TV e rádio vão começar. "Vai ser um show, estamos com uma equipe de quatro agências de publicidade e a partir da repercussão, vamos planejar novas estratégias de campanha, inclusive, uma nova caminhada pode ser promovida", diz o deputado. As inserções das frentes, prós e contras, na mídia vão até o dia 9 de dezembro, dois dias antes do plebiscito organizado pelo Tribunal Regional Eleitoral.
"A força do dinheiro não vai vencer o amor pelo Pará", resumiu o deputado estadual Edmilson Rodrigues (PSOL), ao comentar a importância do engajamento da população contra aquilo que ele chama de "esquartejamento do Estado". "O desmembramento do Pará é desnecessário de todos os pontos de vista. Aumentar a quantidade de deputados e senadores para a região Norte não significa o aumento de recursos. A estruturação dos novos territórios levaria décadas", diz o deputado. Com a criação de Tapajós e Carajás, será adicionado ao Poder Legislativo mais 48 deputados estaduais, 6 senadores e cerca de 14 deputados federais. Junto a isso, o Pará perderia 82% de seus domínios.
Evento reuniu artistas e estudantes mobilizados pela internet - O cantor e compositor, Mestre Laurentino, de 87 anos, natural de Ponta de Pedras, é curto e objetivo quando explica as razões para ser contra a fragmentação: Ele é paraense. Fez questão de marcar presença na passeata. "Essa iniciativa de dividir parte de pessoas que não tem o menor vínculo com o Estado, são ladrões cujo único projeto é se apropriar das nossas riquezas", defende o músico.
O aposentado Carlos Nogueira, 70 anos, também sustenta que a divisão é oportunista. "A demarcação dos limites dos dois estados não foram discutidos com a população. Foram feitos arbitrariamente pela classe política que defende a divisão", diz.
A maioria das adesões à caminhada foi feita por jovens na faixa etária de 15 a 25 anos, seguidores do twitter @pasempregrande, @PARAtqroGRANDEe participantes da comunidade "Diga Não a Divisão do Pará" e da "Pará Unido, Marajó Forte - Sou Marajoara e digo NÃO À DIVISÃO". Atualmente, as páginas eletrônicas têm respectivamente 2.000, 1.700, 16.700 e 11.424 membros.
O caso dos estudantes Maslla Tembra, e João Paulo Rodrigues, ambos de 16 anos e alunos do colégio estadual Pedro Amazonas Pedroso. "Nós chamamos os amigos para participar por meio da internet", ressaltou Maslla.(amazônia)
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