Surfando na pororoca
da divisão do Pará,
os caboclos ribeirinhos
pegaram corda por lá
e avivaram sonho antigo
que agora em versos lhes digo:
a divisão do Afuá.
A turma pró-divisão
chegou pronta pra bater
usando o velho argumento:
“Dividir para crescer!”
E, nesse hilário teatro,
em vez de um, seriam quatro
municípios, a saber:
Na campanha eletrizante
feito peixe poraquê,
cada parte caprichava
no tro-ló-ló, tre-le-lê.
E essa divisão patética
seria na ordem alfabética:
AfuÁ, B, C e D.
O Afuá remanescente
seria das bicicletas,
no Afubê , só Jet-skis,
no Afucê , motocicletas.
No Afudê... Oh! Deus do céu,
deu-se o maior escarcéu
com piadas indiscretas.
O padre, no seu sermão,
conclamou filhos e pais,
mostrando, nesse processo,
perdas e danos morais
e afirmava, sem desdém:
– Até Afucê, tudo bem,
mas Afudê, já é demais!
E nesse chove-não-molha,
deu-se o maior bafafá
entre os neo-separatistas
e os puritanos de lá
que incitavam a multidão
e bradavam: – Não e não!
Ninguém divide o Afuá!!!
(Autor: Antonio Juraci Siqueira
caboclo afuaense juramentado.)
Juraci eu considero um dos maiores poetas vivos destas plagas. Faz poesia séria e verdadeira. Tenho a honra de ser seu parceiro musical e confrade na União Brasileira de Trovadores.
ResponderExcluirValeu, meu boto!
Vou pedir uma pra Santarém.
josé wilson malheiros