Após o anúncio da vitória do "Não" às propostas de criação dos Estados do Tapajós e Carajás, os presidentes das frentes contrárias e favoráveis à divisão falaram sobre o resultado do plebiscito. O presidente da campanha do "Não" à criação do Carajás, deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB), avaliou como "ótimo" o desempenho e a adesão voluntária de milhares de paraenses que foram às urnas para manter o território unido. "É hora de nos unirmos e tratar de problemas sérios, como o sistema tributário injusto que nos prejudica, e lutar por um pacto federativo, de fato, no Brasil", assinalou.
Zenaldo destacou que a luta para manter o Pará unido passa um modelo tributário que compense o Estado pela desoneração das exportações e pela comercialização de bens primários, sem tributação na fonte e com pagamento de tributos no consumo.
O deputado estadual Celso Sabino (PR), presidente da frente contra a criação do Estado do Tapajós, também comemorou o resultado do plebiscito. Ele destacou que dois terços do eleitorado disseram não à proposta de divisão do Pará. "Temos que rever o sistema tributário e lutar para alterar a Lei Kandir, que desonera a exportação e impede que o Estado tenha mais recurso para investir em todas as regiões. É nessa bandeira que temos que nos unir agora", disse.
O presidente da frente favorável à criação do Tapajós, deputado federal Joaquim Lira Maia (DEM), disse que com o resultado o município de Santarém e outras cidades da região decretam luto oficial. "Não é um luto para desistir do sonho de separação, mas para mostrar nosso descontentamento", disse.
O presidente da Frente Pró-Carajás, deputado estadual João Salame (PPS), afirmou que mais de um milhão de eleitores do "Sim" não podem ser ignorados. "É um terço do eleitorado paraense, uma força política muito grande", comentou. Ele avaliou ainda que sobretudo a região metropolitana não compreendeu o projeto de criação de Carajás.
Jatene citou que o Pará, por exemplo, deixou de arrecadar R$ 1,5 bilhão com a exportação de minérios por causa da desoneração determinada pela Lei Kandir. E hoje, recebe apenas R$ 260 milhões de compensação. O que, segundo ele, contribui decisivamente para que o Pará, que tem o segundo maior saldo da balança comercial e é grande exportador de energia, amargue uma das piores rendas per capitas do País.
Durante a entrevista coletiva concedida logo após a divulgação do resultado do plebiscito, o governador destacou que considera legítimo o desejo dos que reclamam de melhor atenção do Estado, mas deixou claro que o caminho adotado é que foi equivocado. Para ele, os dois grandes desafios do Estado - a gestão territorial e a insuficiência de recursos - só podem ser sanados de forma conjunta. "Nem se todos os recursos fossem investidos em apenas uma dessas regiões (Tapajós e Carajás), as chances de mesmo assim de superar os limites hoje impostos por pobreza e desigualdades são muito pequenas", afirmou.
O dia seguinte à votação, é segundo ele, um dos momentos mais difíceis deixados pelo plebiscito, sobretudo em relação às fissuras deixadas pela campanha e que colocou em lados opostos moradores das três regiões do Estado. "Mas a minha expectativa é que não existe na nossa gente um instinto, uma vocação ao confronto, existe sim uma busca por alternativas. Nós tivemos o final da votação, mas ao final do processo vamos ter que construir juntos agora", afirmou.
Apesar do discurso, o governador declarou, no entanto, que não pretende de pronto fazer grandes mudanças no seu plano estratégico do governo por conta do plebiscito.
O governador disse ainda que não dá para explicar a questão do separatismo apenas a partir de interesses de grupos locais ou regionais porque seria simplificar demais a realidade brasileira, mas que o resultado do plebiscito abriu uma nova perspectiva para repartição dos recursos. (Amazônia)
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