Com a aposta de que Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal podem liderar o movimento, o governo reforçou o pedido para que esses bancos diminuam o spread e, assim, incentivem concorrentes privados a realizarem o mesmo.
Fontes do governo e dos bancos afirmam ao Estado que a direção do BB e da Caixa tem se reunido com representantes do Ministério da Fazenda para tentar uma ação coordenada de redução dessa margem. A intenção é costurar plano semelhante ao executado na crise de 2008 e 2009, quando instituições públicas reduziram spreads e juros, ganharam clientes, impulsionaram a economia e, ainda, foram seguidos pelos concorrentes.
Um dos objetivos é reduzir as margens em operações que possam incentivar o consumo das famílias. No governo federal, há incômodo com o fato de que, apesar da queda da taxa básica de juro (Selic) desde agosto do ano passado, alguns spreads aumentaram expressivamente nesse período.
Entre essas linhas que sofreram com aumento das margens está o financiamento de loja - diretamente ligado ao consumo de eletrodomésticos e têxteis, por exemplo -, que apresentou elevação nos últimos meses de 2011. A piora da inadimplência nessas operações é a explicação dos bancos para o movimento.
Ao governo, incomoda ainda mais saber que até os bancos públicos aumentaram suas margens no fim do ano passado. No Banco do Brasil, por exemplo, o último trimestre de 2011 terminou com spread médio de 15,5 pontos porcentuais nos financiamentos a pessoa física, ante 14,9 pontos no trimestre anterior.
Isso quer dizer que, se o banco captou recursos pagando, por exemplo, um juro de 5%, na hora de emprestar para seu cliente, a taxa cobrada foi de 25,5%. Na média do banco federal quando somados os financiamentos para famílias, empresas e agronegócio a margem subiu de 8,8 pontos no terceiro trimestre para 9 pontos no fim do ano passado.
Diante da pressão do Palácio do Planalto e da Fazenda, bancos públicos têm tentado "mostrar serviço" desde o fim do ano passado. Como o Estado noticiou em janeiro, o BB e a Caixa aumentaram a oferta de crédito nos últimos meses de 2011, seguindo um plano da equipe econômica e chancelado pela presidente Dilma Rousseff.
Mas o governo entende que, agora, é preciso dar outro passo com o ataque aos spreads.
No mercado bancário, há a percepção de que, por ora, o movimento dos bancos públicos ainda não foi seguido pelos privados, que continuam cautelosos. Nos concorrentes, prevalece a preocupação com a alta da inadimplência, especialmente na categoria de pessoas físicas. (Estadão)
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