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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Lá como cá, até hoje.

Realmente, é um inferno! Não me lembro que nenhuma cidade do Mundo seja assim. Cada cidade tem os seus ruídos, mas são ruídos toleráveis, a que a gente pode acostumar-se, dentro dos quais é possível a vida. Mas no Rio é diferente. No Rio parece que há uma deliberada campanha contra a sanidade das criaturas, um desafio de loucos para ver quem é que faz mais barulho. Escrevi na primeira linha o nome de inferno, e vou falando em diabos e demônios a cada linha seguinte - em verdade é porque se me perguntassem qual é minha concepção de inferno, eu diria que não é o fogo nem é o enxôfre, nem é o gêlo - mas o barulho. Inferno para mim é ruído - ruído irmão dêste estrondo mecânico que nos desgraça a vida aqui na cidade. Ai, se de vez em quando não me fôsse dado um período de repouso no silêncio abençoado do sertão, acho que eu já teria morrido, ou corrido doida, entoxicada de barulho. (Raquel de Queiroz, escritora, cronista, na última página da revista O Cruzeiro, edição de 26.03.1960)

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