Dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado do Pará, também chamado de Sindicato dos Urbanitários, estiveram ontem com o senador Jader Barbalho, em Belém, para discutir a crise na Celpa. A empresa entrou com pedido de recuperação judicial no final do mês passado. A situação, dizem os representantes dos trabalhadores, é muito grave, e um colapso no setor pode acontecer a qualquer momento.
Ronaldo Cardoso, presidente do sindicato, disse que a Celpa está na pior situação das concessionárias de energia elétrica do Brasil e que os trabalhadores vêm denunciando a má gestão há muito tempo. “Não há investimento no sistema, a terceirização está desenfreada, os acidentes de trabalho aumentaram muito e mais de dois mil trabalhadores da empresa foram demitidos, sem falar nos repasses de dinheiro para fora do estado - mais de 600 milhões –, isso tudo aconteceu nesses 14 anos de privatização”.
O TMA (Tempo Médio de Atendimento) nas unidades consumidoras, em 1998, era de 99,89 minutos (1h40) e em 2010 chegou a 693 minutos, ou seja, 11h33. Os indicadores de continuidade do serviço, DEC (Duração Equivalente de Interrupção, medida em horas/ano) e o FEC (Frequência Equivalente de Interrupção por Consumidor, medida em número de vezes), alcançaram em 2010, 101 horas/ano e 53 vezes por ano, respectivamente, enquanto que a média nacional referente ao DEC é de 16 horas e para o FEC, 11 vezes.
DIMENSÃO
O presidente do sindicato falou também que a Celpa não levou em conta a dimensão do Pará e que a gestão foi centralizada na avenida Paulista, em São Paulo. “A Celpa quer o aumento da tarifa, mas a responsabilidade desta crise não é dos trabalhadores nem do povo paraense, e sim da péssima administração”.
A posição dos trabalhadores é pela federalização, ou seja, a Eletrobrás sanear a empresa. No documento de avaliação da entidade sindical entregue ao senador Jader Barbalho, estão enumerados vários problemas da empresa.
A terceirização dos serviços, por exemplo, foi triplicada nos últimos 12 anos. A Celpa tem 2.158 funcionários próprios e 2.041 terceirizados. Além disso, segundo a avaliação dos dirigentes sindicais, todas as atividades fins da Celpa têm na sua execução a presença de mão de obra oriunda de prestadoras de serviço e até as atividades estratégicas como plantão, fiscalização de unidades consumidoras e corte, são realizadas por empreiteiras que têm grande rotatividade e isso reflete na péssima qualidade dos serviços.
“Enquanto isso, a direção da Celpa continua a ladainha de atribuir à chuva, à floresta, aos buracos na estrada e aos índios a responsabilidade pelo péssimo desempenho nos indicadores de continuidade e qualidade”. (Diário do Pará)
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