Na década de 1970, com a construção da
Transmazônica, milhares de brasileiros migravam para a região Norte do
país. Buscavam trabalho e o sonho de tornarem-se proprietários rurais,
beneficiando-se das terras destinadas pelo projeto de ocupação da
Amazônia. Recebiam lotes rurais e tinham de morar nas agrovilas ao longo
da rodovia ou nas estradas vicinais. Nem todos, porém, obtinham sucesso
como agricultor. A grande maioria não se adaptou às condições de vida
na floresta. A solução mais imediata era buscar outra forma de vida nos
pequenos centros urbanos.
Como foi – O
governo, através do Incra – Instituto de Colonização e Reforma Agrária,
incentivava a ida daquelas pessoas e as colocava nos lotes
predeterminados dentro dos padrões do plano de assentamento. Tinham que
enquadrar-se no formato idealizado para o projeto. Havia um padrão e as
famílias que chegavam tinham adaptar-se a ele. Algo pouco parecido com
heterogeneidade, com espírito e a maneira de ser daquela massa de
migrantes de variados estados, com costumes e culturas diferentes.
Via-se que seguir rigorosamente as regras predeterminadas não funcionava
tal e qual a previsão. Naquela época, os presidentes do Brasil viajavam
praticamente a cada trinta dias para o Pará ou Amazonas. A ocupação da
Amazônica era o grande projeto dos governos da Revolução. Eu trabalhava
n’O Globo e cobria a Presidência. Portanto, assim como os colegas dos
outros jornais, estava sempre por lá. É sempre muito interessante
perceber os vários lados que um acontecimento oferece. Percebia-se com
facilidade o processo de troca da atividade agrícola pela comercial.
Viam-se glebas abandonadas ao longo da rodovia e a proliferação de
lojinhas e armazéns como esse da foto em Marabá. Curioso hoje reparar
como uma fotografia dá referências sutis daquela babilônia de
forasteiros. Tipos raciais variados e os produtos postos à venda.
Somente artigos de utilidade prática. Malas, latas, canos, baldes,
colchões, torneiras. Nada que fosse supérfluo.
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