O boom de brasileiros cheios de sacolas e dinheiro no bolso nos Estados
Unidos fez surgir um efeito colateral. A cada três dias, um turista
brasileiro é furtado em Miami ou Orlando - os principais destinos de
passeio e compras da Flórida. Os dados são do Consulado-Geral do Brasil
em Miami, que alerta que os números "representam apenas um subconjunto
do universo total de ocorrências".
A quantidade de furtos e roubos pode ser muito maior - geralmente, o
consulado só é notificado quando os ladrões levam também algum documento
das vítimas. Caso contrário, só a polícia local é acionada e
dificilmente consegue recuperar as mercadorias levadas.
Com hábitos de compra peculiares - e abundantes -, os brasileiros
viraram alvo fácil. Saem das lojas carregados de sacolas de grife com
roupas, brinquedos e eletrônicos. A maioria dos furtos acontece dentro
dos outlets, em lojas de departamento, estacionamentos de shopping e até
nos hotéis.
Apenas de janeiro a abril deste ano, o consulado registrou 44
ocorrências de furto em Miami e Orlando - 35% do total que chegou ao
conhecimento das autoridades em 2011. Metade dos brasileiros (49,7%) que
vão para os Estados Unidos tem a Flórida como destino, segundo a
organização de viagens U.S Travel.
‘Saidinha da Apple’. Há cerca de um mês, um casal de
São Paulo teve todas as compras furtadas no estacionamento do Florida
Mall. "Compramos computador, iPad, iPhone. Deixamos tudo na mala do
carro e fomos a uma loja de brinquedos. Não passaram 15 minutos e fomos
avisados de que o vidro do carro havia sido arrombado", conta a médica
Sandra Marins, de 45 anos. "Só sobrou o computador porque a caixa era
grande."
Com dois amigos e cinco crianças, Sandra havia alugado uma van com
vidro fumê. O cuidado não adiantou - ela acredita ter sido seguida da
loja até o estacionamento. "Sabe a saidinha de banco? No nosso caso, foi
saidinha da Apple."
Na loja. Em outros casos, os turistas relatam furtos dentro dos
shoppings. A bancária Virgínia Caetano, de 46 anos, estava com o filho e
os sobrinhos em uma loja de roupas em Orlando - "daquelas escuras e com
som altíssimo" -, quando sentiu algo mexer nas suas costas. O bolso da
mochila havia sido aberto.
"Levaram a carteira com minha habilitação, US$ 200 e cartões de
crédito ", conta. "Reclamei com a loja e não deram a mínima. Uma
brasileira que trabalhava no quiosque da frente falou que acontece todo
dia." Virginia bloqueou os cartões rapidamente, mas os ladrões gastaram
U$ 3,5 mil dólares nos cartões de crédito em outras lojas do mesmo
shopping. "Pode ter gente do comércio envolvida", alerta. (Estadão)
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