A presidente Dilma Rousseff não gostou do tom usado pela Federação
Brasileira dos Bancos (Febraban) no relatório assinado pelo
economista-chefe da entidade, Rubens Sardenberg, e mobilizou o
Ministério da Fazenda para exigir uma retratação. No início da noite
desta terça-feira, a federação divulgou uma nota para dizer que o texto
de Sardenberg não pode ser interpretado "como posicionamento oficial da
entidade ou de seus associados".
Na segunda-feira, Sardenberg escreveu um texto em que analisava o
potencial efeito dos juros mais baixos sobre a oferta de crédito. No
documento, argumentou que havia limites para a ampliação do crédito,
como o alto nível de inadimplência, e afirmou: "Você pode levar um
cavalo até a beira do rio, mas não conseguirá obrigá-lo a beber água".
O governo interpretou a frase como uma provocação dos bancos, em meio
à polêmica sobre a redução das taxas de juros cobradas de pessoas
físicas e empresas no País.
Principalmente depois de representantes dos bancos terem
assegurado à presidente Dilma Rousseff, na semana passada, que estavam
comprometidos com o objetivo do Planalto de reduzir as taxas de juros.
Na conversa com a equipe econômica, Dilma queixou-se de que essa é a
segunda investida da Febraban contra o seu governo. A primeira teria
sido uma declaração do presidente da Febraban, Murilo Portugal. Após
participar de um encontro com autoridades em Brasília, no início de
abril, o executivo afirmou que a bola, a partir de então, estaria com o
governo. Na ocasião, ele levou um conjunto de propostas que, na avaliação da
Febraban, seriam necessárias para permitir a queda dos juros e dos
spreads bancários - diferença entre a taxa que os bancos pagam na
captação do dinheiro e a que cobram nos empréstimos dos clientes.
Negociações. Na reunião com a equipe econômica ontem
para discutir a nota da Febraban, a presidente mandou o recado que não
quer ouvir outras manifestações políticas da federação contra o governo.
E cobrou que a Febraban voltasse atrás no tom usado na nota. O dia foi
de intensas negociações e costuras promovidas por duas frentes
distintas, uma pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, outra pelo
secretário executivo da pasta, Nelson Barbosa.
Desde cedo, os principais bancos privados do País correram para
tentar apagar o incêndio político. Os banqueiros se esforçaram para
desfazer o mal-estar e telefonaram para o ministro Guido Mantega.
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, por exemplo,
disse ao ministro que o banco "mantém o apoio ao projeto do governo" e
avaliou que "a oportunidade das propostas apresentadas é
inquestionável". (Estadão)
Nenhum comentário:
Postar um comentário