Foto: Shirley Penaforte
Cem
famílias ocuparam, na madrugada de ontem, o prédio de quatro andares
onde funcionou o escritório regional do Instituto Nacional de Seguridade
Social (INSS), na esquida da Avenida Presidente Vargas com a Rua Ó de
Almeida, na Campina. Mas a ocupação durou menos de 24 horas. Por volta
das 19h, o efetivo de 60 homens da Guarda Municipal de Belém (Gbel)
invadiu o prédio e expulsou os ocupantes. A operação não durou meia
hora. Havia idosos, cinco crianças e até uma gestante entre os
manifestantes. Algumas pessoas passaram mal e uma mulher, que teria tido
problemas cardíacos, recebeu atendimento numa ambulância, no local, e
foi liberada logo em seguida. Ninguém saiu ferido.
"Fomos
pegos de surpresa. Os guardas quebraram a parede e invadiram jogando
spray de pimenta e gás lacrimogênio. Não houve negociação", reclamou
Altenir Santos, um dos coordenadores do Movimento de Lutas nos Bairros,
Vilas e Favelas (MLB) no Estado, que organizou a ocupação. Os ocupantes
foram parar nas calçadas da Presidente Vargas, junto com seus objetos
pessoas, como colchões, ventiladores, fogões e botijões de gás, onde
manifestaram resistência. A prefeitura enviou um ônibus para retirar os
manifestantes do local. "Vamos levá-los para o conjunto CDP, de onde a
maioria veio", disse o subcomandante da Gbel, Adailton Tavares. Ele nega
que tenha sido usado gás lacrimogêneo e afirmou que a retirada foi
pacífica, apesar de admitir o uso de uma "pequena" quantidade de spray
de pimenta.
Ocupação
- Para entrar no imóvel, os ocupantes quebraram os muros do prédio. O
cheiro de urina e fezes que vinha do local era sentido do lado de fora
da construção, onde os banheiros não funcionam e não há água encanada ou
energia elétrica. A Polícia Civil esteve no local e conversou com os
líderes da movimentação, mas entendendo que se tratava de uma
manifestação pacífica, não tentou tirar pessoa alguma do local. Segundo
Fernanda Lopes, coordenadora estadual do MLB, o grupo estava ciente de
que uma liminar de reintegração de posse pedida pelo Governo Federal
deveria chegar em suas mãos hoje.
"A
gente precisa ficar com um pano no nariz porque tem muito ‘xixi’ e
‘cocô’ pelo chão, e sem água, não tem como deixar limpo", disse. Na
manhã de ontem, eles tomaram café preto com pão logo cedo - comida
levada por eles -, e esperavam pela solidariedade para conseguir água de
beber. "A gente usou a internet para fazer um grande apelo nas redes
sociais e espera que as pessoas nos ajudem. Nossa intenção é ficar até
ser recebido por alguém que possa nos ajudar", esperava Fernanda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário